Bem-vindos!

DIÁLOGO ABERTO, O ORIGINAL, é um espaço interativo cuja finalidade é a discussão. A partir de abordagens relacionadas a muitos temas diversos, dos mais complexos aos mais práticos, entre teologia, filosofia, política, economia, direito, dia a dia, entretenimento, etc; propõe um novo modo de análise e argumentação sobre inúmeras convenções atuais, e isso, em uma esfera religiosa, humana, geral. Fazendo uso de linguagem acessível, visa à promoção e à saliência de debates e exposições provocadoras, a afim de gerar ou despertar, em o leitor, um espírito crítico e questionador.

Welcome! Bienvenidos! ברוך הבא

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pessoal! O Diversittas não existe mais

1. Pessoal! O Diversittas deixou de existir, mas, agora, o Diálogo Aberto (O Original) está aí, mantendo a mesma ideia, e postura nos posts. 

2. Pensamos nesse novo nome, haja vista todas as abordagens que temos feito, em diversos temas, propondo honestidade e clareza, franqueza naquilo que escrevemos.

3. Portanto, aqui, tem-se um espaço para um Diálogo Aberto, sobre os temas que já estão sendo publicados, desde que o Blog anterior começou.

4. Continuamos sem papas na língua, ou melhor, nos dedos, e na mente. Expressando aqui o que pensamos, e acreditamos ser coerente. Aceitando toda crítica, e comentário, desde que sejam sadios. 

5. Acompanhem-nos, pois permaneceremos, na medida do possível, escrevendo sobre muita coisa interessante, boa de ler, importante de se pensar. 

Diálogo Aberto (O Original) 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Uma Breve Utopia: Do Diálogo Religioso e Paz Mundial.



Gostaria de ressaltar, dentre as afirmações ressaltadas nos texto acerca da paz religiosa e o diálogo religioso, em meu exercício do programa de pós-graduação em ensino religioso, as três ultimas, que dizem que não haverá coexistência humana, sem uma ética mundial, por parte das nações. Não haverá paz entre as nações, sem paz entre as religiões e não haverá paz entre religiões, sem o diálogo entre as religiões. Essas afirmativas são os objetivos de toda a fomentação teológica e da retórica escrita do escritor, chegar à paz mundial através da paz entre suas religiões, por meio do diálogo, em termos gerais.

            Utopia, talvez seja o termo mais apropriado para essa tentativa, embora seja muito louvável e sinceramente honesta e responsável a atitude do teólogo de buscar pelo diálogo entre as religiões, enchendo de brio os corações daqueles que se engajam em tal aventura, louvável, mas realisticamente utópica. Falo isso não porque seja um pessimista, um trágico ou um cético de humor cambaleante, mas porque temos um histórico de repressão à paz, de diferenças religiosas, de guerras por motivos ideológicos que englobam valores da religião socialmente predominante e que de maneira nenhuma entrariam ou entram em diálogo em busca da paz, mesmo com todos os esforços de teólogos, burocratas, idealistas, simpatizantes de causa e sonhadores com um mundo melhor.

            Falo isso porque uma classe que talvez seja a principal e mais influente e ativa dentro do sistema religioso, não se preocupa com esse pensamento de diálogo, que são os próprios religiosos e seus comandantes, os sacerdotes. Falar em paz e em cooperação entre monges budistas talvez fosse fácil, mas ineficaz, considerando que os mesmos passam suas vidas trancafiadas em monastérios e parecem não muito preocupados com a vida lá fora. Difícil mesmo é buscar um diálogo entre islâmicos radicais, que estão no poder dos paises árabes, ou dos grupos terroristas que têm como causa a guerra em busca de seus direitos usurpados pelos elitistas de origem norte-americana. Ou, até mesmo falar em paz e diálogo com cristãos evangélicos brasileiros, obsoletos em sua teologia, totalmente despreocupados com a realidade em detrimento de um apocalíptico porvir, que faz com que negligenciem o presente e o mundo material, pois lhe está preparado “morada nos céus” em um novo mundo totalmente santo.

            Dentro do balaio de religiões que o autor apresenta no texto como os grandes sistemas atuais religiosos de força, temos três grandes religiões que são visões religiosas absolutas: judaísmo, cristianismo e islamismo e comandam praticamente 2\3 dos habitantes do planeta. São absolutas porque não entram em diálogo, é só buscarmos o histórico de cada uma delas pra vermos repressão, exclusão, guerra santa, cruzadas, genocídios e por aí vai, a lista é realmente enorme. Suas verdades absolutas enfatizam a superioridade em comparação  à outras, como a verdadeira revelação de Deus, impossível Alá ser Javé ou Javé ser Jesus, muito menos Jesus ser Alá. Os judeus não aceitam o messias cristão, os cristãos usam e abusam do A.T para justificar a divindade de Cristo e os islâmicos dizem que Maomé é grande profeta de Alá e que Jesus seria apenas um enviado de Alá e mensageiro do Islã, abaixo, é claro, de Maomé. Não existe diálogo, o dogma não permite o diálogo.

            O dogma seria basicamente o ponto fundamental e indiscutível de uma crença religiosa, sua máxima e preceitos. Contudo, esse dogma não poderia ser relativo, ou seja, baseado naquela velha metáfora de que todos os caminhos (Religiões) levam ao topo do monte (Deus) ou que vários cegos ao tocarem em um elefante (Deus) tem várias perspectivas (Religiões) de um só elemento. Isso é conversa de Academia, Universidade que tenta implantar o discurso pós-moderno na sociedade. Na prática sistêmica – religiosa liderada pelos sacerdotes (Líderes do fiel) o dogma sempre será absoluto, ou seja, se utilizará da verdade religiosa, como ponto último e primeiro da existência e das explicações de mundo, sendo superior a todas as outras explicações de mundo e religiões, embora não tente descaradamente anula-las, mas o fazem em seus círculos internos, se auto-proclamando senhores da verdade e do conhecimento absoluto através de sua apologética. E o absolutismo não conhece diálogo, pois invalidaria a eficiência e verdade de seu dogma e a devoção de seus fieis. Há milhares de anos, as religiões tem se comportado dessa maneira, poderia até haver uma mudança de pensamento, mas abalaria as mais profundas bases das religiões e isso não é desejado por nenhuma delas, mesmo após duas grandes guerras mundiais.



            Que comanda é quem tem poder, e essas religiões têm poder (sistema político, liderado pelos sacerdotes) e não querem abrir mão disso. Talvez os teólogos devessem estudar mais ciências políticas e sociais, para depois perceberem que não existe paz por meio da religião, a religião sempre foi e será sangue e guerra.  Pensar em paz mundial através da religião é pensar que Jesus Cristo nasceu através da Virgem Maria, na melhor das hipóteses. Talvez, com o grande esforço de pensadores e teólogos que se propõem a isso, tenhamos algum êxito, mas para eles deixo a minha fé, como a que possuo em Deus, descrito pelos homens através dos mitos.


Por Rodrigo de Barros Mascarenhas

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um Breve Romance no Ônibus da Linha 514




Fui num dia de rotina, idas e vindas da faculdade, toda aquela burocracia, estudos, entrega de resultados. Depois de tomar um bom café preparado pelas mãos divinas de minha avó, sai pronto para vencer mais um dia de faculdade. Enquanto esperava o 514 no terminal de ônibus, ouvindo um rock alternativo, 30 Second to Mars, deixando que meu peito se incendiasse com a beleza da musica e enquanto isso observando as bonitas meninas que passavam para lá e para cá, entre as feias, que eram muito mais volumosas. 

Dia normal, como disse, entro no ônibus e fico ali esperando a partida e ainda pensando na vida, quando de repente vejo no banco da frente uma menina linda, comunicativa, sorriso nos lábios, brilho no olhar e belas pernas, do jeito que gosto. Ela falava com uma amiga desprovida de aparência física, daquelas que são ótimas amigas de garotas bonitas, pois não poderiam disputar homens com elas, fiquei ali ouvindo o que elas falavam e me assustei: A garota bonita falava sobre algumas velhinhas que estavam sendo extorquidas em seu trabalho, por pagarem juros á mais do que deveriam. Ela dizia que não concordava com aquilo, pois estava errado! Sua consciência não permitia agir daquela forma em nome dos seus patrões cruéis. Confesso que não acredito em amor á primeira vista, seria uma banalização de algo tão puro e construído a base de fogo e dor, acredito sim em atração á primeira vista e nisso fui pego. Precisava falar com ela, estava sendo consumido por aquela vontade, minhas pernas não se tranquilizariam enquanto não fosse lá e dissesse pelo menos um OI para ela. 

Dito e feito. 

Percebi que a amiga saltara em um ponto e o assento ao seu lado estava vazio, dei um “migué”, fui até o cobrador e fiz uma pergunta mais tosca da minha vida pedindo uma informação que já sabia. Na volta me sentei ao seu lado e lancei:
- gostei do lance das velhinhas, que bom saber que alguém ainda tem consciência (ainda mais uma gata daquelas, pensei comigo)
- Ah! É verdade, não suporto ver isso e não fazer nada, é muita crueldade (dizia ela, não se importando com o fato de eu ter me sentado ao seu lado e puxado conversa sem um pingo de vergonha na cara. Me disse tudo isso com um sorriso no rosto, toda delicada, estava me matando, o momento era perfeito) 

514, O Ônibus da Sorte, Destino ou Ocasião?!
Continuamos conversando até o momento em que saltei do ônibus, mas pedi o seu numero de celular antes, que me foi dado pela ótima conversa que tivemos, na certa ela queria mais, e eu também.

Liguei para Iris, várias e várias vezes, conversávamos diversas besteiras, coisas fúteis do dia-a-dia, rotinas, era um lance bacana, falamos sobre os nossos sonhos, as aventuras que queríamos viver, quem queríamos ser da vida, quantos filhos teríamos e quais eram nossos Hobbies preferidos. Dois jovens em pleno auge da existência, com toda a força da juventude, trocando ali suas experiências de vida e se conhecendo profundamente, era difícil pensar que isso ocorreria através de um ônibus, o 514, e que nossas vidas se ligariam em uma simples conversa sobre velhinhas, é difícil, mas é possível acontecer.

Infelizmente nem tudo parece ser como dita o andar da carruagem. Chamei aquela bela moça para sair, ela não poderia por causa da semana de provas, esperei que a maldita semana acabasse, chamei – a novamente, ela estava de mudança e muito atarefada por conta disso, decidimos esperar mais um pouco, deixei que ela então me retornasse quando estivesse tudo normal para ela, não queria ser o cara chato que fica no pé da garota, um verdadeiro prego.

Esperei, esperei e esperei, nada. Ela tinha desaparecido, simplesmente não se importava, simplesmente não se lembrava de como tínhamos nos conhecidos, de maneira tão improvável e de como nossa conversa nos uniu de maneira que dois belos desconhecidos falaram profundamente sobre si durante horas, como poderia ser? Ela simplesmente não se lembrava? Eu de maneira nenhuma poderia ser o pé no saco de ligar novamente implorando uma saída, já havia feito por três vezes, era o suficiente, agora era a sua vez de dar esse passo.

Os dias se passaram, tocando a vida, de vez em quando o pensamento nela (todos os atraídos e atingidos pela verdadeira beleza feminina, sempre se pegam pensando na beleza de sua amada), algo fugaz, já meio fugidio. La estava eu no meu 514, observando e olhando para ver se ela não estaria ali novamente, me esperando, com o assento ao lado vazio, para novamente falarmos sobre as velhinhas extorquidas, nossa viagem ao redor do mundo e sobre minha paixão por mitologia grega e a dela, por aprender idiomas e ler complexos livros de filosofia. Muito louco eu sei, mas era o nosso mundo e eles se encaixavam quase que perfeitamente, mas nada, nada dela aparecer, parece ter sido somente daquela vez, maldito universo conspirador.

Um dia, logo após um bom tempo desde que falara pela ultima vez com Iris, fui á faculdade como costumeiro, assistir uma aula interessante com um professor daqueles que tiro o chapéu. Foi uma boa noite, conversa solta com os amigos, boas piadas e risadas, conteúdo e aula interessante. Minha mente e meu espírito estavam saciados com tudo aquilo, não via motivos pra reclamar da vida e de nada, estava em uns daqueles dias de campeão, onde você se sente superior á todos os obstáculos e não enxerga as coisas ruins e as improbabilidades da vida. 

Que Puta dia!

Peguei meu ônibus de volta para casa, o 532, que possuía uma escala mais rápida que o 514. Viagem tranquila, talvez estivesse escutando Jota Quest, Rosa de Saron ou Legião Urbana, não me lembro bem, mas me lembro que em um dos pontos subiu um numero assustador de pessoas e ficamos naquele ônibus como sardinhas em uma lata e como garrotes e vacas dentro de uma carreta boiadeira , mas o dia estava bom. Keep Calm and Hakuna Matata, pensei comigo. De repente olhei para trás, passeando com os olhos aquele ônibus e fiquei meio espantado com o que vi, sem reação exterior, mas com milhares de reações interiores. Iris, sentada na ultima fileira de bancos do ônibus, conversando com os seus amigos, cheia de livros nas mãos, provavelmente também voltando da faculdade. Ela riu, e em um pequeno lance virou seu rosto e os seus olhos se encontraram com os meus. O riso cessou. Veio o silencio, ficamos nos olhando por segundos, pareciam horas, ninguém esboçava uma reação, algo se passava pelas nossas cabeças. Pela minha eu não saberia te dizer, não conseguia pensar em nada, pela dela, talvez a decepção de ter se esquecido de mim, ou o incomodo de me ver após tanto tempo em que tinha me feito uma falsa promessa. Todos nós pagamos por elas algum dia. Poderia apenas imaginar. 

Eu estava indiferente, não ri, não acenei, não poderia ir até lá falar com ela. Ela abaixou sua cabeça, tinha vergonha, o momento era incomodo, era o desarranjo de algo quase perfeito que havia se quebrado, arranhado, percebi isso. Então, a porta do ônibus se abriu e vi que deveria saltar ali, justamente ali, naquele ponto. Olhei pra ela pela ultima vez, sem dizer uma palavra, jogando pelas entrelinhas e desci, vendo - a pela ultima vez. Ali tinha se ido embora à possibilidade de uma boa historia juntos, um romance marcante, talvez de um grande amor, quem saberia ou poderia dizer? As probabilidades são infinitas e a vida um grande jogo, cabe a nós apenas viver e jogar o jogo da vida da melhor maneira possível.

Nesse dia pude perceber que alguns dão sorte no amor, outros nem tanto, alguns nascem pra viver, outros pra amar, alguns são aventureiros, almirantes em busca de um novo rumo, outros, colonizadores e donos de sua própria historia. Senti-me como um herói da velha e boa mitologia grega, que depois de lutar tanto e vencer tantas batalhas é acometido por uma terrível maldição e vê tudo o que conquistou se perdendo, restando apenas honra e glória. No fundo sinto uma ponta de ciúmes de Romeu e Julieta, porque mesmo morrendo pelo amor, viveram por ele, sim, “viveram por ele”, sendo consumidos pelo fogo do amor, deixando que cada parte dos seus corpos gozassem do prazer de estarem juntos e vivendo essa terrível solidão á dois, tornando-a suportável, sendo coroados no fim pela tragédia, pela morte prematura, mais valendo viver o presente eterno, do que o eterno vazio.

Pra mim, o amor sempre será bem vindo, mesmo que o telefone não toque no dia seguinte.

Por Rodrigo de Barros Mascarenhas

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tornaste ateu? Respondi...

1. Perguntaram-me. Tornaste ateu? Respondi...

2. Não.

3. Não tenho motivos para isso, e nem tempo. Porque nunca poderei provar nada, de ambos os lados, nem do da fé, e nem do da descrença. 

4. Disse: a única questão atual que penso é que a religião ou os textos que são usados, quase sempre indevidamente, para fundamentá-la - quanto ao texto, principalmente em se tratando da Bíblia Hebraica, "base" para a fé judaica e cristã neotestamentária- não podem explicar satisfatória, exaustiva e coerentemente, nada a respeito da divindade única, ou múltipla, que não passe de alegorias e suposições humanas. 

4. Digo nada, mesmo! 

5. Para mim, a religião se resume em um fenômeno humano, existencial-sempre-sistêmico, que defere àqueles que fazem parte dela a capacidade de criar ou de apropriar-se de métodos diversos, já formados, para a tentativa de supressão de sua ignorância, em vida e em pós-vida, alentando-os temporariamente, em alguns casos, e peando-os, em outros.  

6.  Para isso ela foi criada, desenvolvida, e executada, em suas múltiplas faces.

7. A pergunta foi sobre se me tornei ateu, e defini o que penso sobre religião, de propósito. 

7. Notei, ao ser questionado, um destonamento claro, entre o significado de ser ateu e não religioso, existente em mim e nele. 

8. Na cabeça do "repórter proselitista" estava conectada neurologicamente a ideia seguinte: pelo fato dele criticar e questionar bastantes coisas que existem na Bíblia Hebraica, e sequer tratar com seriedade certas outras que fazemos, na vida comunitária de nossa religião-templo-sistema, a partir da utilização desses textos, ele não acredita mais em Deus. Ou seja, se ele critica o templo e suas ideias, logo, não crê que exista o Deus do templo.

9. Entendo... 

10. É óbvio que eu deveria ter tido a paciência de tentar mostrar para o indivíduo supracitado que justamente o que condeno é essa ligação que sempre é feita, entre a comprovação da existência da deity e as explicações do templo a respeito da realidade factual dela. Ligação quase que biológica, determinante para a vida de ambas. 

11. Primeiramente, porque não penso que exista relação entre uma coisa e outra, no que se refere à comprovação racional da realidade de Deus, e à necessidade de se acreditar que a religião é essencial para tal. Não preciso ouvir ninguém pregando, no templo, o Salmo 91, em que El, Shaddai, Yaveh e Elohim têm asas, alegoricamente ou não, para cientificar-me que há Deus, com ou sem asas. Nunca vou provar nada ouvindo isso.  

12. Acho que, se existir, asas é algo que ele não teria, ou teria? Não sei! 

13. Porém, não tive e não tenho essa paciência, pois são questões extremamente toscas de se pensar, com a razão, com a fé não. Com a fé se acredita em tudo, facilmente, mesmo sem se examinar ou tentar-se provar, porque é fé, e não razão.

14. Aí que está! Leio, com a razão, os textos que "dão base" para a religião existir. Então, obviamente, sempre haverão alguns embaraços nesse campo minado epistemológico, da relação entre razão, religião e fé. 

15. Por isso, disse de primeira, ao ser questionado sobre crer ou não na existência de Deus: a religião, nem seus textos o explicam satisfatória, exaustiva, e coerentemente, muito menos comprovam sua factualidade. Não é nesse âmbito que o crer ou não crer, em Deus, deve ser discutido, e sim, no existencial.

16. Mas aí, é muito para a mente fideísta monoteísta. 

17. Se ser ateu é não acreditar que a religião tem capacidade de expressar exatamente o que a divindade é, sou-o. Agora, se não, outras palavras podem ser mais apropriadas para tentar definir o que sou. 

André Francisco

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Leitura, sem razão, sem coração, da Bíblia Hebraica

1. Muita gente lê a Bíblia Hebraica, admito, porém, sem a razão, como também sem o coração. 

2. Falo isso por simples motivos...

3. Já presenciei muitos casos em que as pessoas se alegraram pelo falo de lerem um texto em público, em que está escrito o seguinte: "Diz Yaveh Tsaba'ot: Agora vão, ataquem os amalequitas e consagrem a Yaveh para destruição tudo o que lhes pertence. Não os poupem; matem homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, bois, ovelhas, camelos e jumento". 1 Samuel 15.3

4. Ou, "Levanta-te, Yaveh; salva-me, El meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios". Salmos 3.7.

5. Regozijaram-se pelo fato de interpretarem, através da leitura, que Yaveh está disposto a torturar os seus inimigos, os quais consequentemente são os que não professam a mesma fé do povo que professa a fé nele. E a igreja entende que confessa Yaveh como Deus, logo, os que não são da igreja, e que perseguem os que são, serão alvos fáceis dessa ira divina que é dada como "proteção".

6. Quer dizer que Yaveh, que é Deus, ou Jesus?, está pronto para realizar essas atrocidades aos negadores da fé verdadeira. E os crentes se deliciam nisso, a ponto de dizerem n coisas, contando grandes vantagens.

7. Poxa! Penso que leem sem a razão e sem o coração. 

8. Alegrarem-se pelo fato de crianças recém-nascidas terem sido assassinadas, enquanto tentavam mamar nos seios de suas mães, é, no mínimo, anti-humano, inescrupuloso. 

9. E por que foram matadas? Dizem: porque, quando crescessem, poderiam continuar na idolatria, e assim, perverteriam o povo de Yaveh, que seriam seus vizinhos, com seus ensinamentos pagãos. 

10. Ora bolas, a questão então é a fé que, no futuro, poderiam ter? E daí se quisessem confessar outro Deus? Qual o problema na escolha livre da religião?

11. Para a época, com certeza, sei que era muito problemática essa liberdade. Mas, atualmente, continua ou tanto se luta pela expressão religiosa livre? 

12. Medo tenho de que Yaveh decida novamente mandar matar todos os que não o confessam, agora. Ou de algum leitor, sem razão e coração, interpretar algum texto, e aplicá-lo factualmente para a sociedade brasileira atual. 

13. Isso já fez a Inquisição, em tempos passados, contextualizando esses textos violentos para justificar suas ações brutais aos que lhe opunham. 

André Francisco

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Quem faz teologia fica louco!



1. Quem faz teologia fica louco! Exclamam constantemente crentes anti-intelectualistas, encabrestados pelas cordas das doutrinas e dos dogmas que confessam. 

2. Normalmente essa exclamação tem dois principais objetivos conexos. 

3. O primeiro, de desencorajar as pessoas a procurarem saber sobre teologia e terem, com isso, novas informações sobre suas crenças, até então, ouvidas e confirmadas somente no espaço-templo. 

3. Segundo, através do desencorajamento inicial, gerar tanto a conformidade em cada indivíduo, como a obediência acrítica. Ou seja, a fim de amarrarem-se os burros aos pés de cadeiras de plástico, dizem-lhes que são perigosos quaisquer movimentos de extrapolação  além daquilo que foram "ensinados".

4. Frase quase que a modo da Lei Celerada, aprovada por Washington  Luís, em 1927, contra os chamados "delitos ideológicos". Essa que tinha o poder de se opor, "legitimamente", a todos os movimentos de insurreição a seu governo, quase que ditatorial, ou pelo menos centralizador, ao modo da maioria dos outros que lhe precedeu.

5. Esse tipo de atitude, por parte principalmente dos chefes da religião, já é antigo. Lembra-me o que fizeram os sacerdotes hebreus, com os pobres camponeses da palestina judaica, VI. Principalmente pela manipulação escrita, entregada, como sendo boca de Yaveh para os simples acreditarem e não questionarem, de maneira nenhuma. 

6. Um caso interessante é a história da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. Diziam os sacerdotes àqueles, codificando o desencorajamento à busca pelo saber através da narração da criação do primeiro "casal":

 -Não toquem na árvore, homem e mulher, pois, quando tocarem, e consequentemente comerem do seu fruto, e subsequentemente se abrirem os seus olhos, vocês serão amaldiçoados e expulsos da presença de Yaveh
- O conhecimento do que é bom e do que é mau não lhes interessa, porém, somente, a obediência. Quem sabe de tudo, daquilo que é bom e mau, somos nós, do templo, sacerdotes, intermediários entre vocês e Deus. 

8. Outro, a história de Caim e Abel, onde somente o cordeiro é recebido como oferta, por Yaveh. Óbvio, pois no templo se faziam sacrifícios com cordeiros, coisas da terra são para deuses pagãos. 

7. Atualmente é a mesma coisa. Dizem os patronos da religião do templo, a partir do templo, às multidões:

- Quem faz teologia fica louco! A única teologia que vocês devem fazer é aquela programada pela igreja, onde eclesiasticamente se tem o controle sobre o material a ser ensinado. Não comam comida estragada, mas sim, aquela que desce diretamente de Deus, dada pelo Espírito Santo, e ensinada por nós, aqui, no templo (doutrina).

8. Então, o caso é o mesmo, mudaram-se somente as épocas dos ocorridos. 

9. Por que tais semelhanças prevalecem mesmo em tempos ímpares?

10. Porque a religião continua objetivando a mesma coisa. O que a consolida como tal se mantem intacto. As forças políticas, proselitistas e manipuladoras das massas, que oferecem alívio tão almejado, em troca do controle de suas mentes e corações. Um sistema ininterrupto, que só difere num ponto aqui, em outro lá, mas, essencialmente, o mesmo. 

11. E ai dos quaisquer, quando se propuserem a discordar, de um ponto aqui e outro lá. 

12. Tomara que as medidas tomadas pela Inquisição para o tolhimento de quem pensava diferentemente não sejam retomadas. 

13. Por enquanto, atestado de insanidade basta. 

André Francisco

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Por causa de uma fruta, tudo isto está amaldiçoado

1. Diz-nos a história de Gênesis 2-3 que a terra foi amaldiçoada, completamente, por causa da desobediência do primeiro casal, ao comer uma fruta proibida. 

2. Paulo, apóstolo, interpretou essa história como marco determinante, para que todos os seres humanos posteriores nascessem apodrecidos, malditos, totalmente condenados a passarem a eternidade, digo, a E.T.E.R.N.I.D.A.D.E, queimando, sem cessar, sem parar, sem trégua alguma, nos fogos infernais, de enxofre e outros lixos em putrefação. 

3. Tudo foi morto, esquecido, marginalizado, demonizado por Yaveh, por causa de uma fruta que se decompôs na boca de um casal, o qual, enganados por um animal falante, quiseram ter o conhecimento do que é bom e do que é mau, não, como em algumas traduções, do bem e do mal.  

4. Então, veja esse vídeo, mas não tenha nenhuma expectativa boa para essa beleza, porque tudo isto está "amaldiçoado", por uma simples maçã





André Francisco

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

John Lennon ou Damares: Quem seria o "cristão" da história?

1. Em primeiro lugar, o termo cristão que pus no título, entre aspas, refere-se ao tema principal da narração evangélica sobre Jesus, que tinha como sentido magno a paz, o estabelecimento de uma comunidade fraterna, humana, e compartilhadora, na terra. 

2. Contido na narração sobre o Jesus da fé e claramente destacado está o fato de que o interesse maior da encarnação era o socorro à humanidade, aos fracos, oprimidos, e carentes deste mundo. Veio para este mundo, a fim de mudar a situação das pessoas deste mundo (terra, planeta, sociedade). 

3. Agora, tanto os evangélicos defendem que não se pode ouvir música que não seja "cristã"- no sentido de não ser gospel-, e secularizam todos os cantores que não carregam a "etérea" marca da igreja, como eles conseguem então ouvir Damares? 

4. Uma cantora que, em suas letras, faz-me perceber o quanto não se importa com as necessidades das pessoas da terra, e que somente enfatiza o estado "glorioso", extraterrestre, que a "igreja" terá quando o "retorno de Cristo" acontecer. Com músicas egoístas, que só destacam o interesse da comunidade de "fieis" e que menosprezam qualquer tipo de contato com o mundo real, palpável, terreno. 

5. Isso é alienação criminosa, que ajuda a consolidar, cada vez mais, a irresponsabilidade que os tidos evangélicos de Deus têm com as questões humanas. 

6. Veja você mesmo... 



7. Pois bem, deplorável um negócio desse. 

8. Contudo, o que mais intriga é o seguinte. Por exemplo, um cantor como John Lennon, com uma música que é conhecida como uma das mais importantes quanto a luta pela paz e igualdade humana, é marginalizado, demonizado. 

9. Se é pra se falar de cristianismo, ao modo dos evangelistas, deveria-se cantar John Lennon nas igrejas, e não Damares. 

10. Veja você mesmo o porquê...



11. Esta última é uma dádiva da deity, para os homens, que são os que, até então, precisam de paz. No entanto, estou consciente do porquê que os evangélicos não a cantam. Lennon fala em não religião, sistema, estrutura em torno do templo, sacerdote, dogma. Ah, aí está o segredo, tocar nessa estrutura é ser um diabo, que luta contra Deus, ou seja, precisa ser extirpado do meio do povo, para não contaminar. 

12. Mas, sem preconceito algum, sem dogma para se observar, quem seria o "cristão" da história: John Lennon ou Damares? 

André Francisco

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Parabéns André Francisco!



André Francisco, nosso cabeção da Teologia. Em nome de todos os seus amigos da época do IBAD e do diversitas, esse espaço que dividimos para compartilhar nossas ideias (mais suas do que minhas haha) lhe desejamos um feliz aniversario, saúde e muitos anos de vida (cheio de mulheres).

Somos felizes com a sua presença entre nós e temos orgulho em dizer que somos seus amigos.

Um grande abraço,
Familia IBAD e Blog Diversittas!


Por Rodrigo de Barros Mascarenhas

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Da oração - essa coisa opaca


Por OSVALDO LUIZ RIBEIRO (peroratio.blogspot.com.br)

1. Tudo bem, eu entendo a oração que se faz intimidade e nada mais. Entendo que o sujeito que acredite que Deus o ouça, que vive dentro dessa fé, que tenha em Deus a figura de uma pessoa com ouvidos de ouvir, ponha-se em diálogos - a rigor, monólogos, mas tudo bem, não vem ao caso (aqui) - com seu "Deus", a rigor, com sua fé, mas não vem ao caso (aqui).

2. Compreendo.

3. Também compreendo o mago que, considerando que "Deus" seja uma energia - ou disponha poder na forma de energia - aperte dois ou três botões, pronuncie oito ou sete palavras de passe, mágicas, carregadas de autoridade, que ele declare, que ele determine, que ele maneje as fontes do poder, e use, a seu critério, a energia divina.

4. Compreendo.

5. O que eu não compreendo é o seguinte: a) o sujeito entende que "Deus" é uma pessoa, isto é, não é uma energia inerte e sem vontade, passiva, pelo contrário, é a fonte de toda atividade e teleologia, quase um ser vivo, vivo, sim, conquanto "Deus", pessoal, personalíssimo, b) acredite que precisa orar e fazer correntes de oração e pedir oração a "Deus e o mundo" e orar de dia e orar de noite e orar de tarde e orar sentado e orar levantado e orar no monte e orar e orar e orar para que "Deus", aquela pessoa, o atenda...

6. Não faz sentido. 

7. Se "Deus" é uma pessoa, ouve a oração, basta uma vez.

8. Se ouve a primeira, e não faz nada, é porque não quer fazer.

9. Se não quer fazer, mas porque o sujeito enche o saco com quinze mil e trezentas e doze orações e meia, ele, então, faz o que não quer fazer, é um manipulável - como o juiz, da parábola.

10. Se quer fazer, mas não faz porque quer que o sujeito se esgoele de tanto pedir, é um sádico.

11. Não faz sentido.

12. Hoje é dia dos pais - invetamos isso. Um pai nem precisa que seu filho lhe peça comida, casa, estudo, diversão, amor - ele dá. Dá e tem prazer em dar. Dá, antes que o filho chegue a pedir...

13. Se o filho, todavia, pede alguma coisa, ele se esforça para dar.

14. Se não pode, olha nos olhos do filho e diz que não pode.

15. Não faz sentido que quem tenha em "Deus" a figura de um pai, pessoal e amoroso acredite que tenha que se esgoelar para ser atendido...

16. É, no mínimo, contraditório.

17. Salvo, claro, se "Deus" é uma energia, e não uma pessoa: nesse caso, quem tem de se esgoelar é o mau mago, fraco nas artimanhas, porque o bom mago, com um estalar de dedos, faz a energia agir a seu favor...

18. São elucubrações minhas. A maioria das pessoas não vai querer gatar tempo pensando nisso. Vai, simplesmente, continuar seus ritos de dezenove horas, ainda que estejam carregados de incoerência.

19. A oração, é, em todos os sentidos, magia. Se é preciso pedir mais do que uma vez, das duas uma, ou há algo de errado com "Deus" ou com os mágicos...





sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Venha falar de Teologia, não de catequese

1. Uma coisa é estudar teologia, outra coisa é fazer curso de catequese. 

2. Muita gente pensa serem as duas coisas semelhantes, porém, essencial e logicamente, não são. Logo, confundindo-nas no embrião, no resto do desenvolvimento, o imbróglio não se resolverá. 

3. Explico...

4. Quando me proponho a dar aula de teologia, ou a discutir, a[com] alguém que frequenta uma comunidade religiosa, principalmente evangélica- católica também (diz-se cristã, em geral)- logo percebo que, na mente desse alguém, o que será dito girará completamente em torno do que ele, até então, tem ouvido de seus líderes, pastores ou padres, no caso aqui. 

5. Ou seja, este indivíduo acredita, espera, e não dúvida, que se iniciará uma conversa teológica óbvia, cabalmente concordante com aquilo que ele aprendeu, pois, em sua mente, tudo o que recebeu de outros não pode ser questionado, pois está na Bíblia, faz parte do credo da igreja, logo, sagrado, imutável, incontrariável. 

6. O pobre do crédulo abre um lindo sorriso, certo de que o conteúdo que virá será uma bombástica consolidação de suas ideias, já presentes, dando-lhe condições apropriadas, posteriormente, de ensinar outras pessoas a serem ainda mais fieis ao Senhor, e assim, fazerem a obra de Deus, na terra, com melhores ferramentas à disposição.

7. Aí, nesse ponto, começam-se os enganos.

8. Justamente porque, em primeiro lugar, ele perceberá, se quiser, e se sua mente, até então, obstaculizada pelo dogma, permitir, que a teologia não é óbvia, e sim, amplamente questionável, hipotética, com inúmeras possibilidades, caminhos, modos de se pensar, e, ainda mais fatalmente, quase nunca Bíblica, do jeito que ele identifica como Bíblica- que, na verdade, que dizer dogmática. 

9. Ele passará a enxergar, se for honesto, que aquilo que espera da teologia, de fato, não é dela, mas, do contrário, de uma escola de catequese. Pois verá que o único modo existente de conseguir a consolidação do que já cria não é  discutindo teologia comigo, e sim, participando de um centro de estudos que tenha as seguintes particularidades: a) professores dogmáticos e religiosos; b) um material didático programado dentro de uma lei maior daquela comunidade, quase sempre expressa em um estatuto, ou vista nos materiais de catequismo (revista de Escola Dominical, para evangélicos); c) um regime hierárquico eclesiástico que a administra, como pastores ou padres, tolhendo qualquer "levante" contrário; d) comumente, que seja aberta somente ao público dos fieis, daquele lugar, a fim de não haver a possibilidade de diferentes ideias serem expostas. 

10. Se esse alguém participar da escola supracitada, com certeza, poderá ampliar suas bases dogmáticas, e continuar acreditando que tudo o que pensa ser correto, de fato, está correto. Mas se quiser argumentar a respeito de teologia, ciências da religião, entendendo-a (a última), como, primeiramente, um fenômeno humano, as coisas serão diferentes. 

11. Porque eu não vou falar de dogmas, não me interessam, mesmo. Falarei de teologia, quase sempre Bíblica, no sentido acadêmico, sendo a que mais gosto, e vejo necessária. 

12. Necessária porque não suporto ouvir tantas incoerências, tidas verdades, quase todos os dias. 

13. Então, se alguém quiser falar ou discutir sobre teologia, que entenda. Não falaremos a partir da catequese, não mesmo. 

André Francisco 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Miss Sarajevo


1. Na luta pelos direitos humanos, e pela dignidade...






2. Uma música seleta surge...



3. Curtam.


André Francisco


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sinestesia do amor

Singelos risos límpidos, 
em um felicíssimo rosto magro; 
alegria, pureza e vida, 
fazendo do prazer um fato. 
Expressões suaves e meigas, 
tidas, vistas, quanta beleza, 
que exala perfume rosado;
 próprias do mais belo amor, 
gratas por, com tanto afago, 
ser sincero, quanto partilhado.
 Há nisso tudo um romance, 
de um coração enamorado; 
que eclode dentro do peito, 
desde cada bom olhado. 
Incandescente como a queimada água, 
que barulha incontrolada; 
sem ao pingo ser tolhida, 
tampouco entibiada. 
Ah, quem vos dera ter-lhe, 
ao menos, intra, experimentá-lo; 
fazê-lo real seria, do bom, o melhor já encontrado. 
Singelos risos límpidos, 
em um felicíssimo rosto magro; 
alegria, pureza e vida, 
fazendo do prazer um fato. 
Eternos, mais que mentados,
 nunca dantes, ao menos, ato; 
Buscar-lhe-íeis no longínquo lado,
da boniteza, gerando o grado.

André Francisco



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O asno falante, e o profeta "descabeçado"

Será possível???

1. Animais falantes, dragões caóticos, serpentes voadoras, cuspidoras de fogo, alguns outros importados do imaginário mitológico de nações limítrofes, faziam parte da tradição cultural dos Hebreus, e foram material folclórico utilizado na construção de seus textos sagrados. 

2. Caso interessante é o do, até então, profeta, meio pagão e meio ortodoxo, Balaão. Que, a mando de Elohim, levantou-se, arrumou-se, junto a sua jumenta, e foi-se, com outros (Nm 22.20).

3. Porém, a partir da mudança de mão do autor, apropriando-se de uma tradição javista para escrever, em outro tempo, a outra deity, que é Yaveh, monoteística, ficou insatisfeita, com a decisão de Elohim (Nm 22.22). 

4. Yaveh se irritou, com aquilo que Elohim ordenou anteriormente, dois versículos atrás. Tudo se explica quando é notada a narração de um mesmo caso, por duas mãos distintas, uma eloísta, outra javista, que com suas contradições, quase sempre se salientavam, como contra-argumentação à outra. 

5. Essa tradição de Yaveh, javista, que acreditava na capacidade dos animais falarem. É por isso que a serpente do Éden falou, a jumenta de Balaão também. 

6. Coitado do Balaão que, ao obedecer Elohim, e quase ter sido descabeçado por Yaveh, tomou uma bronca do pobre asno.  

André Francisco

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O dogma do dízimo, e o imbróglio alegórico


1. O dízimo judaico, pré (pós)-exílico, tornou-se cristão, pré (pós)-reforma. Apropriando-se de textos da Bíblia Hebraica, principalmente de Malaquias 3.10, grande parte das igrejas evangélicas, em seu multifacetado sistema eclesiástico, político-sacerdotal, representadas por seus clérigos, obriga seus fieis a darem o dízimo (décima parte; às vezes mais) de suas rendas, sob o argumento de possível maldição, vindoura de Deus, para seus filhos, seus campos, plantações, empregos, saúde, família, lar, etc; quando não feitas. 

2. Interpretativamente, a base é a que se segue, para tais afirmações, Ml 3.10-11: casa do tesouro= igreja-templo-estrutura; mantimento= luz elétrica, salário do clero, papel-higiênico nos banheiros, água e esgoto, e outros; janelas do céu= maiores possibilidades de prosperidade, benção, crescimento econômico; devorador= Satanás, seus agentes inferiores, poderes das trevas; fruto da terra= dispensa do fiel, emprego, família, salário, saúde, conforto. 

3. Equipararam os termos, a partir de uma leitura alegórica, e os colocaram para dentro das paredes dos templos. Forjaram o dogma, mais "sagrado" do que todos os outros (dizem que existem demônios, no caso do "devorador", que só saem quando a moeda bate no fundo do gazofilácio), e funcionou. Tem gente que tira da boca dos de suas casas para levar a décima parte  à "casa do tesouro". Pois, se assim não fizer, rouba a Deus, e morre de medo de ser alvo de sua ira incontrolável, que se manifestaria por meio da não movimentação obstrutiva contra os yeked (devorador= Satanás).

4. Um dos problemas disso tudo é acreditar que Malaquias estava com essas alegorias em mente, quando supostamente escreveu o texto. Ou que colocou esses textos à existência, esperando a criação futura da igreja evangélica- pois a primitiva não recolhia os dízimos, grande parte não era a favor de costumes judaicos, nem sacerdócio levítico, e muito menos templo-estrutura. Toda contribuição era voluntária. 

5. Um texto judaico, circunstancial, pós-exílico, retrativo, político-revolucionário, usado em comparação, para os fins supracitados, é, no mínimo, esdrúxulo. Por quê? Porque Israel voltara do exílio Babilônico, e queria se reorganizar como nação, novamente. Para isso, foram unidos os poderes governamentais principais, religioso, político e judiciário, e localizados em um único ambiente, no paupérrimo novo templo, que se tornou "templo-estado". Para, de lá, saírem todas as decisões importantes da administração recém-formada. 

6. Desse modo, todos os impostos que eram anteriormente cobrados do povo, e pagos em suas próprias cidades/regiões isoladas, uma das outras, foram centralizados no templo-estado, e cobrados de lá, para lá. Uma "receita federal" momentânea, misturada ao sacerdotalismo religioso patente, até que a situação se normalizasse. Com isso, a décima parte da produção do povo- agricultura e pecuária- era trazida, a fim de que o governo do templo pudesse fazer as distribuições. 

7. Um ardil inteligente, criado pelos governantes pós-exílicos, a fim de manterem o poder político unido ao religioso, e assim, continuarem manipulando as massas. Fizeram uso, como corriqueiramente faziam, da voz de Deus, e atribuíram, a essa estratégia política, ordenamento da divindade, caracterizando-lhe irrefutabilidade. Prometendo ao povo que suas produções seriam prósperas, se todas essas medidas fossem sustentadas, sem discordância e questionamento. 

8. Aí, esse texto foi pegado, e utilizado pelos protestantes-evangelicais, como mandamento, para a igreja da atualidade. Dar a décima parte da renda mensal a Deus, é dá-la no templo, é pô-la no gazofilácio, para mantimento de sua suposta "casa", de concreto, areia e cal. Ainda mais judaico fica, quando isso é enfatizado como obrigatório, e quando necessário o abençoamento do pastor/ sacerdote-hebreu?, para que esse pecúlio seja oferecido verdadeiramente à deity. Por exemplo, dá-la a um carente, orfanato, asilo, parente, amigo, filho, etc, não é a Deus, é pecado. Para ser a Deus, tem que soar no gazofilácio, e passar pela direção espiritual de quem unicamente possui condição de manuseá-la, distribuí-la corretamente, controlá-la, que seria, no caso, os pastores (sacerdotes levíticos?). 

9. Caso contrário,  a maldição do devorador (heb. trans; yeked= gafanhoto, inseto) virá sobre os não pagadores, ladrões, roubadores da igreja-Yaveh

10. Voluntariedade que nada! Aqui, o negócio é veterotestamentário. 

11. Esse imbróglio todo é "culpa" de Filo e de Orígenes, com seus métodos de alegoria. Tão "bons" que gafanhotos viraram demônios, casa do tesouro transformou-se em igrejas, montes viraram mulheres, pedaços da arca se tornaram lições dominicais, e tudo isso considerado exegese revelada, vinda de El. 
André Francisco

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