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segunda-feira, 31 de março de 2014

Sexo antes do casamento, ontem e hoje






1. Com certeza, indubitavelmente, sem sombra ou sol de dúvidas, o assunto "Sexo antes ou depois do casamento" é um dos mais polêmicos que existem dentro de qualquer comunidade evangélica cristã. No caso, principalmente, em se tratando das pentecostais, que consideram tal conversa como um tabu e não como algo que corriqueiramente está conectado às mentes de muitas pessoas, destacando-se aqui os jovens e adolescentes, com seus hormônios borbotados pela puberdade.

2. O cenário é de sofrimento contínuo para esse tipo de público. Grandes sermões adentram garganta a baixo, entra culto e sai culto, dizendo a esses paupérrimos seres que suas vontades necessitam de ser tolhidas porque Deus não aceita, ou melhor, abomina relação sexual antes do papel ser assinado no cartório de qualquer comarca espalhada por esse Brasil. A caneta tem de manchar a folha, a partir disso, está liberado! 

3. Textos do Antigo Testamento são usados descontroladamente para consubstanciar essa ideia, fundamentando-a irreparavelmente nos neurônios dos adolescentes indefesos que se propõem (ou não) a ouvi-la. O Novo Testamento também não fica de fora. Paulo e sua identidade moralista, a partir de seus textos, faz parte dessa construção diária.

4. É uma situação complicada. São usadas e lançadas ao público jovem atual ideias que "serviam" para culturas totalmente diferentes, em tempos remotos, que possuíam um tratamento de vida nada parecido com o cotidiano do século 21.

5. Façamos uma comparação sucinta entre o adolescente/ criança que não fazia sexo antes do casamento há três mil anos e do adolescente/ jovem de hoje que deseja fazer:

1- A idade considerada boa para se casar há três mil anos arredondava-se, em média, entre os 12 e 15 anos. Ou antes disso.
 

2- Os casamentos eram arranjados. Ou seja, as famílias decidiam com quem o garoto ou garota se casariam. Normalmente, por motivos que não eram nem um pouco relacionados com amor ou prazer, mas sim, bem-estar entre povos, tribos, parentes; para a continuidade de uma linhagem específica, descendência, etc. Daí os relacionamentos entre primos e até irmãos.

3- Os adolescentes de 12 anos não tinham nenhum tipo de expectativa de vida diferente de um serviço braçal no campo, a partir de tenra idade. Ou seja, não estudavam, não construíam futuro. Apenas ajudavam a seus pais no sustento dos mais novos.

Hoje: (destacando que nenhuma informação aqui é de caráter científico, mas sim especulativo).

1- Dificilmente, alguém, em sã consciência, casa-se, no Brasil, com menos de 16 anos. Isso seria praticamente (isso mesmo) pedofilia, se o cônjuge fosse maior.

2- Ninguém termina o ensino médio com menos de 16 anos. Normalmente, com 18. Ingressando, a partir daí, no mercado de trabalho sem especialização. No caso do ingresso com especialização, no mínimo, de dois a seis anos de curso de nível superior. Ou seja, 23 anos para nosso personagem fictício ser um profissional formado.

3- Não há casamento arranjados. Se há, são raros. 

4- Não é novidade para ninguém que crianças de 10 anos começam a receber de seu organismo os primeiros, ou não, estímulos sexuais. Esses perduram por muito tempo, tornando-se mais fortes com o passar dos anos. 

5- Nessas condições, a viabilidade para um casamento torna-se praticamente nula antes de 18 anos, minimamente. Porém, a libido, neste ínterim, está trabalhando incansavelmente. 



6- Retomando... 

7- Todos esses exemplos esdrúxulos supracitados não são para fomentar a ideia de que adolescentes/ jovens devam sair fazendo sexo desenfreadamente, seguindo apenas suas emoções, prazeres do corpo, necessidades sexuais físicas. De maneira nenhuma!

O que se pretende tratar é que a aplicação dos textos que supostamente defendem a ideia do sexo apenas após a consolidação do matrimônio no cartório não se sustentam diante de uma situação totalmente diferente como a de hoje em relação àquela época. Não há sequer a mínima possibilidade de aplicar-se tais informações a um contexto cultural como o nosso. Seria um crime e uma falta de respeito às modificações sociais que ocorreram ao longo de tanto tempo. 

Quando se fala na igreja sobre o assunto, todo esse respaldo supracitado, que dificulta a aplicação e exegese a qual normalmente se tem nos círculos evangélicos, não se considera, nem de longe, qualquer desses obstáculos. Apenas a transposição do argumento e imposição acrítica de seu obrigatório cumprimento. Não se considera a mudança do conceito, a inexistência de cartório há séculos atrás, o estilo e tipo de relacionamento existente entre os casais de ontem e hoje, e muitas outras observações que poderiam ser feitas. 

8- O mais triste é o sofrimento nos olhos mal esclarecidos daqueles que recebem diariamente, dos púlpitos, tais ensinamentos, sem ao menos receberem qualquer tipo de esclarecimento e explicação sobre o motivo das ordens e das imposições, que batem de frente contra suas próprias naturezas (que recebem o nome de "pecadoras"). 

9- Situação extremamente delicada, que merece ser abordada sempre e com mais tempo. 

André Francisco






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