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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Bom filme: Noé, de Darren Aronofsky






1. Bom filme: Noé, de Darren Aronofsky. Elenco de alta qualidade, incluindo atores consagrados hollywoodianos. Efeitos especiais simples, porém bastante evoluídos, com alta tecnologia. Acréscimos que deram à história um aspecto dramático, discutindo assuntos relacionados com a ética, moral, valores do bem e mau, o certo e o errado, justo e injusto, entre outros. 

2. A crítica ao filme pela igreja, com certeza, está adjungida às aparições de grandes partes do Livro de Enoque, considerado apócrifo, tanto pela católica como pela protestante. A aparição de Samyaza, que segundo o livro e principalmente tradição (midrash) judaica foi o chefe dos "anjos caídos" de Gênesis 6.2. Os nefilins, aqueles que se envolveram com filhas de homens gerando poderosos. Guardiões do conhecimento, segundo aquele livro. 

3. O envolvimento da discussão do assunto de ética chamou muita a atenção. Seriam os mortos melhores ou piores do que a família eleita? A garota que Cam apaixonou-se por pouco tempo, deixada para trás pelo "justo" Noé, seria tão má como julgada? Milhares de outros inocentes que morreram macetados pela fúria divina também? 

Estas são perguntas interessantes que Darren levantou durando o filme claramente, fazendo acontecer uma trama, envolvendo o próprio protagonista, de maneira teatral. 

4. Tubalcaim, citado em Gênesis 4 como fazedor de metal e peças de aço, aparece no roteiro de maneira inteligente, a fim de se acrescentar o conteúdo. Obviamente que o cinema possui uma linguagem diferente da escrita, sendo que, para comunicá-la com mesma intensidade, são necessárias adaptações. Interessante, quando lido o texto Bíblico, percebe-se facilmente que Matusalém, calculando-se sua idade, os acontecimentos posteriores e a história do dilúvio, só poderia ter morrido na inundação. Gênesis se silencia com relação a ele em se tratando de Noé, mas Darren conseguiu obter essa informação por uma leitura meticulosa do texto e exteriorizar em seu filme. 

5. O processo de evolução das espécies, a partir do efeito de "Hip hop montage" (imagens aceleradas com cortes rápidos), é facilmente percebido. Uma correlação com a teoria e a ideia  supostamente bíblica da criação, sendo possivelmente um destacamento do conceito de design inteligente (bastante falado nos Estados Unidos por conservadores).

6. Acredito que o filme tenha juntado vários temas importantes e os colocado em exposição. Também que tenha se utilizado de tradição judaica antiga para completar a narração bíblica mal explicada, retalhada por diferentes histórias em épocas distintas. Uma exposição de Gn 6,7 e 8 é necessária, exegeticamente, para situar o leitor dentro dessa realidade mitológica antiga. Como também cientificar da existência das versões que hoje são consideradas apócrifas por grande parte ou toda a cristandade. 

André Francisco 

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