Sim, eu sei, é um porre falar sobre isso, mas...
É
com grande pesar que comecei uma das minhas manhãs de sábado assistindo ao
programa do Sr. Silas “falastrão” Malafaia, denominado “Vitória em Cristo”, que
poderia bem ser “Vitória pela Teologia da prosperidade” ou “Vitória pelo
dinheiro dos ignorantes”, mas enfim, Cristo haveria de ser mais uma vez foi
crucificado, agora pelos seus próprios seguidores.
Concordo em absoluto que talvez
(?) seja uma enorme perda de tempo escrever sobre aquele que é, em minha opinião, o
maior mestre dos discursos falaciosos no Brasil (se juntando a outros mestres
como Feliciano, Bolsonaro, Datena, Jabor...), contudo me enche de indignação o
tamanho da repercussão e da aceitação que discursos como o de Malafaia recebem
de grandes massas, aumentando mais ainda a sensação de que seria mesmo a grande
maioria massa de manobra dos manipulativos homens (políticos, sacerdotes,
catedráticos, celebridades) influentes dotados de conhecimento sobre psicologia
social com uma pitada de boa homilética e marketing pessoal.
Na ocasião do programa, Malafaia
discursava para cerca de setenta mil pessoas (segundo a polícia militar)
alocadas no grande pátio da Esplanada dos ministérios em Brasília em um dia no
meio de semana (convenhamos que seja um fato notável numericamente, mas
ordinário em propósito e melhoria social). Ali estavam representantes políticos
(Magno Malta, Feliciano, Takayama, Lauriete) e sacerdotais do movimento
evangélico brasileiro, juntamente com o seu curral eleitoral e suas ovelhas em
transe.
O pastor psicólogo que parece ter
especializações em “trocentas” áreas cientificas, já que opina sobre tudo e
todos como se fosse um ser absoluto, começou o seu sermão de cara atacando o
movimento GLBT e mostrando suas garras felinas e para que estava ali. Primeiro
se referiu aos coloridos como “inimigos”, contrariando sua própria doutrina
biblica de que “a luta dos crentes não é contra carne nem sangue (pessoas,
movimentos, grupos, sociedades), mas contra as potestades do ar...” (Entenda-se
“potestades” como espíritos malignos, demônios), ou seja, visivelmente a guerra
da PL 122 já deixou a muito tempo de ser um movimento puramente ideológico e
democrático (talvez nunca tenha sido) e tomou conotações extremamente pessoais
e de interesses de poder. Opa Malafaia, aí não vale! O Senhor está olhando lá
do céu meu camarada.
Logo após de dar o urro de
guerra, Malafaia desafiou o movimento GLBT a reunir pelo menos “20 mil pessoas
em dia de semana” naquele mesmo local, lá em baixo entre os reles mortais que
estavam na grama se ouviam brados de “gloria Deus e aleluia”, gritos frenéticos
de êxtase da retórica e talvez até algumas línguas estranhas para darem o tom
da mística espiritual e da aprovação do Espírito Santo na fala do Pastor pastel.
Falando do ponto de vista racional, é lógico que o movimento GLBT nunca
conseguiria reunir esse numero e bater de frente com o movimento evangélico, já
que os coloridos são minorias, enquanto os evangélicos representam cerca de 20
a 25 por cento da população brasileira, totalizando mais de 40 milhões de
pessoas. Só pude dar risada e acabei até me lembrando de Gilberto freire e seu
livro a pedagogia do oprimido, na máxima de que o “oprimido é um opressor em
potencial”. Os evangélicos de tanto serem rechaçados e incompreendidos durante
anos agora devolvem o troco na mesma moeda.
A verdade é que homens como
Malafaia são produtos de discursos fundamentalistas que se tornaram
reprodutores, continuando a disseminação desses mesmos discursos que irão
produzir mais reprodutores que por sua vez darão continuidade e disseminação ao
grupo ideológico sustentado pelo discurso em voga, fortalecendo-o mais ainda. E
para isso não existe saída, nem cura (talvez devessem colocar em pauta a
aprovação de um projeto de cura evangélica na comissão do Infeliciano), é
confronto, é guerra, é a sociedade buscando democraticamente seus
direitos e aquilo que irá beneficiar e convergir em uma convivência
pacífica entre os orgulhosos homens. Nesse quesito devemos (maiorias) apoiar as
minorias em suas tentativas de obter um espaço na sociedade e gozarem de
direitos iguais de convivência. Homens como Malafaia existiram e sempre irão
existir, cabem a nós homens da “polis” erguer a nossa voz (utilizando dos meios
que tivermos acesso) em repudio as manifestações falaciosas e pretensiosas dos
ditadores de opinião que querem controlar a liberdade individual em nome de
seus pressupostos doutrinários.
Preciso deixar claro que não
possuo nenhum tipo de preconceito contra o movimento evangélico, conheço e sei
da seriedade de muitos homens e grupos desse movimento e que vivem suas crenças
em beneficio da sociedade e não contra ela. Homens como Malafaia, por exemplo,
apesar de se autodenominarem benéficos a sociedade não o são, pois seus
pressupostos religiosos, doutrinários e teológicos são equivocados (não preciso
nem falar de suas opiniões de outras áreas do conhecimento) e tendem a produzir
irracionalidade coletiva através de discursos falaciosos.
Deixo aqui, três fontes
importantes para você, caro leitor, que teve a coragem de ler esse texto até o
final entender mais a respeito daquilo que estou falando:
1. Discurso de Silas Malafaia perante 70 mil evangélicos na Esplanada dos Ministérios:
2. Texto de um professor de Lógica (Materia Filosofica) desmascarando as máximas das falacias de Malafaia em seus discursos, mas especificamente na questão do Homossexualismo e sua relação com a genética e a discussão gerada apos sua ida ao programa da Gabi com o Geneticista Eli Vieira:
3. Video da resposta de Eli Vieira a Silas Malafaia:
Por Rodrigo de Barros Mascarenhas