1. Para o Judas da carta, o livro de Enoque é sagrado. Aliás, usa a teologia da queda dos anjos como verdade e aplica também outras ideias do mesmo livro abertamente (Jd 14-25).
2. Para a igreja, o Judas da carta é inspirado por Deus para escrever, logo, sua carta também é, ou seja, escritura sagrada. Assim, sua teologia e pensamento são parte da doutrina revelada neotestamentariamente.
3. Mas o problema é que a igreja não aceita Enoque, que é o pai da teologia de Judas, como canônico, inspirado, escritura. Então, temos algumas situação:
1- O livro e teologia de Enoque são santos, inspirados e teologicamente corretos, foram usados devidamente por Judas, deixando sua carta nas mesmas condições de veracidade e legitimidade.
2- O livro e teologia de Enoque não são santos, inspirados e teologicamente corretos, e foram indevidamente utilizados por Judas, deixando sua carta em condições de não ser aplicada legitimamente.
3- Apenas uma porção- a que foi usada por Judas- do livro de Enoque é santa, inspirada e teologicamente correta, por isso da utilização legítima.
4- A igreja tem o controle de definir o que quiser sobre a questão da santidade, inspiração e teologia dos seus livros e cartas, de acordo com sua vontade e conveniência.
Diante dessas quatro situações, vê-se a dificuldade do fato.
4. Grande parte dos da igreja gosta da terceira explicação. É a que acho mais desonesta, considerando que nenhuma teologia ou pensamento doutrinário surge apenas de algum texto sem contexto dentro de um livro inteiro (afirmação que compromete a ideia de que a parte usada por Judas, do texto de Enoque, é inspirada, apenas). Pois essa citada parte está conectada a outros contextos espalhados por todo o livro, sendo impossível sua fundamentação somente devida a essas linhas.
A questão é que a ideia central do Enoque da citação de Judas depende existencialmente da teologia geral de todo o livro.
Isso sugere que Judas teve acesso, como muitos outros, a esse material e, indubitavelmente, o considerava sagrado.
5. Interessante! Quem está com a verdade? Acho que o tópico quatro.
André Francisco