1. Mesmo diante de termos a se definir, caso queiram nos comentários abaixo, listo talvez uma diferença básica entre as duas disciplinas, garantindo sua incompatibilidade. Obviamente que sabendo da dificuldade atual de se definir tanto um quanto o outro "método". Não quero discutir conceitos aqui, nem mesmo parecer ingênuo e desinformado a ponto de acreditar que- esta luta por definição a qual está longe de acabar- exauriu-se em menos de trinta linhas; mas reforço o compromisso em abordá-los, mentando o sentido semântico a que estou dando, individualmente, às duas propósições.
2. A pergunta é: de que modo compatibilizar o estudo da Teologia e das Ciências das Religiões?
3. Compatibilizar o incompatível é impossível, pois tratam-se de vieses
distintos em seu ponto de partida. Ciências da Religião está além do
paradígma única e simplesmente dogmático, da práxis doutrinária, dos
esquemas padrão de interpretação clássicos, estruturas
institucionalizadas ideológica e ritualisticamente a que a teologia,
infelizmente, está subordinada, conquanto que se esteja inferindo à
cultura cristã, pelo menos aqui. A Teologia em si, desde muito, a meu ver, talvez até mesmo a partir
dos pais ocidentais da igreja, enraizou-se nas estruturas do templo, do
rito, da eucaristia, do clero, e de outras mais que são fundamentais à
conservação milenar da razão/ fé coletiva do Deus da Bíblia e do dogma.
4. Todos os interessados em pensar sobre e desenvolver conteúdo ainda que
racional da disciplina propuseram-se a defender com vivacidade a
metafísica do pensamento e não o fenômeno enquanto humano, diverso,
multifacetado. Em contra partida, as Ciências da Religião,
ressaltando-se principalmente a partir do século 18 com o avanço da
modernidade, do iluminismo e da forma razão-objetiva de se argumentar
ideias, expôs-se à aderir, inevitavelmente, a modelagem cultural a qual o
mundo de seu desenvolvimento sofria.
5. Esta exposição surtiu efeito
garantindo a ampliação da área estudada, o expansionismo do saber,
envolvendo até mesmo outros credos e rituais praticados por povos e
culturas diferentes. Entendeu o movimento religioso diante de sua
verdadeira epistemologia e fenomenologia, parte do ser enquanto ser
humano, desassociado estritamente do apenas conceito Deus Bíblico, Jesus
Cristo único. Defendo a incompatibilidade a partir dessa hipótese,
sobremaneira aquecida pela educação do mundo moderno em que as
estruturas teocráticas absolutistas (pelo menos no ocidente) tiveram de
abrir a discussão para não serem totalmente superadas em pequeno período
de tempo e não dispunham mais de completa hegemonia para alimentar
preconceitos que criaram status de "rainha do saber".
André Francisco