1. Jerusalém, principalmente após a divisão do reino em Israel e Judá, sempre teve um papel de protagonismo na redação deuteronomista da Bíblia Hebraica. Grande parte dos textos de clamor, sapienciais, de cânticos, litúrgicos, narrativos, oferecem respaldo a essa afirmação quando analisados de perto.
2. A ênfase recai, sem dúvidas, no momentum de cativeiro Babilônico e pós- exílico moderno (583- 450 a.C). A sua destruição devida à invasão estrangeira e consequente deportação deixou na preleção dos profetas posteriores e sacerdotes redatores a confirmação da mensagem de libertação, restauração e reedificação.
3. Podemos também situar nesse contexto o crescimento de correntes teológicas que defendiam a reafirmação do reinado da família davídica e consequentemente a criação da figura do Messias libertador posterior (fortalecida sobremaneira após a reconstrução de Neemias e cotejo com ideais Persas).
4. Jerusalém e Sião, também por questões geográficas, por ter sido a sede do Estado Uno e berço da espiritualidade sacerdotal com o Templo, ganha um lugar de destaque na centralização política desejada pelos reformadores pós-exílio. No texto de Miqueias evidencia-se esse aspecto nas mensagens de clamor utópico por Jerusalém reformada em que, diferente da situação escravagista no estrangeiro, garantiria a justiça, paz social e igualdade entre os que temem a Javé.
5. Fruto do esforço dos redatores, verifica-se semelhança com o Terceiro Isaías na Sião utópica e centralização de todas as nações, povos e governos alienígenas na adoração ao Único Javé no templo reformado. A superioridade teológica das fontes sacerdotais no momentum pós Babilônia reforçaram esse aspecto de Jerusalém em destaque e Samaria, antiga capital de Israel, entregue aos ídolos e destruída.
6. Nas cronologias dos reis- documentos que sofreram revisão teológica dos deutoronomistas pós-exílicos na traditiva oficial- vê-se essa diferença "histórica" no paganismo de Samaria e santidade de Sião, oficializando pelo apelo interpretativo a verdadeira localização da espiritualidade dos hebreus os quais tiveram contato com a reestruturação do estado em 500 a.C. O momento apelativo de Neemias 8 e o "achamento" do livro da lei (provavelmente o Livro de Deuteronômio e a leitura monoteísta/ persa da teologia sagrada) lido por Esdras em Jerusalém reconstruída pelos Persas destaca também a teórica consolidação das promessas anteriormente feitas sobre a supremacia e glória da antiga capital.
André Francisco
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