2. Não.
3. Não tenho motivos para isso, e nem tempo. Porque nunca poderei provar nada, de ambos os lados, nem do da fé, e nem do da descrença.
4. Disse: a única questão atual que penso é que a religião ou os textos que são usados, quase sempre indevidamente, para fundamentá-la - quanto ao texto, principalmente em se tratando da Bíblia Hebraica, "base" para a fé judaica e cristã neotestamentária- não podem explicar satisfatória, exaustiva e coerentemente, nada a respeito da divindade única, ou múltipla, que não passe de alegorias e suposições humanas.
4. Digo nada, mesmo!
5. Para mim, a religião se resume em um fenômeno humano, existencial-sempre-sistêmico, que defere àqueles que fazem parte dela a capacidade de criar ou de apropriar-se de métodos diversos, já formados, para a tentativa de supressão de sua ignorância, em vida e em pós-vida, alentando-os temporariamente, em alguns casos, e peando-os, em outros.
6. Para isso ela foi criada, desenvolvida, e executada, em suas múltiplas faces.
7. A pergunta foi sobre se me tornei ateu, e defini o que penso sobre religião, de propósito.
7. Notei, ao ser questionado, um destonamento claro, entre o significado de ser ateu e não religioso, existente em mim e nele.
8. Na cabeça do "repórter proselitista" estava conectada neurologicamente a ideia seguinte: pelo fato dele criticar e questionar bastantes coisas que existem na Bíblia Hebraica, e sequer tratar com seriedade certas outras que fazemos, na vida comunitária de nossa religião-templo-sistema, a partir da utilização desses textos, ele não acredita mais em Deus. Ou seja, se ele critica o templo e suas ideias, logo, não crê que exista o Deus do templo.
9. Entendo...
10. É óbvio que eu deveria ter tido a paciência de tentar mostrar para o indivíduo supracitado que justamente o que condeno é essa ligação que sempre é feita, entre a comprovação da existência da deity e as explicações do templo a respeito da realidade factual dela. Ligação quase que biológica, determinante para a vida de ambas.
11. Primeiramente, porque não penso que exista relação entre uma coisa e outra, no que se refere à comprovação racional da realidade de Deus, e à necessidade de se acreditar que a religião é essencial para tal. Não preciso ouvir ninguém pregando, no templo, o Salmo 91, em que El, Shaddai, Yaveh e Elohim têm asas, alegoricamente ou não, para cientificar-me que há Deus, com ou sem asas. Nunca vou provar nada ouvindo isso.
12. Acho que, se existir, asas é algo que ele não teria, ou teria? Não sei!
13. Porém, não tive e não tenho essa paciência, pois são questões extremamente toscas de se pensar, com a razão, com a fé não. Com a fé se acredita em tudo, facilmente, mesmo sem se examinar ou tentar-se provar, porque é fé, e não razão.
14. Aí que está! Leio, com a razão, os textos que "dão base" para a religião existir. Então, obviamente, sempre haverão alguns embaraços nesse campo minado epistemológico, da relação entre razão, religião e fé.
15. Por isso, disse de primeira, ao ser questionado sobre crer ou não na existência de Deus: a religião, nem seus textos o explicam satisfatória, exaustiva, e coerentemente, muito menos comprovam sua factualidade. Não é nesse âmbito que o crer ou não crer, em Deus, deve ser discutido, e sim, no existencial.
16. Mas aí, é muito para a mente fideísta monoteísta.
17. Se ser ateu é não acreditar que a religião tem capacidade de expressar exatamente o que a divindade é, sou-o. Agora, se não, outras palavras podem ser mais apropriadas para tentar definir o que sou.
17. Se ser ateu é não acreditar que a religião tem capacidade de expressar exatamente o que a divindade é, sou-o. Agora, se não, outras palavras podem ser mais apropriadas para tentar definir o que sou.
André Francisco
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