Gostaria de ressaltar, dentre as afirmações ressaltadas nos texto acerca da paz religiosa e o diálogo religioso, em meu exercício do programa de pós-graduação em ensino religioso, as três ultimas, que dizem que não haverá coexistência humana, sem uma ética mundial, por parte das nações. Não haverá paz entre as nações, sem paz entre as religiões e não haverá paz entre religiões, sem o diálogo entre as religiões. Essas afirmativas são os objetivos de toda a fomentação teológica e da retórica escrita do escritor, chegar à paz mundial através da paz entre suas religiões, por meio do diálogo, em termos gerais.
Utopia, talvez seja o termo mais
apropriado para essa tentativa, embora seja muito louvável e sinceramente
honesta e responsável a atitude do teólogo de buscar pelo diálogo entre as
religiões, enchendo de brio os corações daqueles que se engajam em tal
aventura, louvável, mas realisticamente utópica. Falo isso não porque seja um
pessimista, um trágico ou um cético de humor cambaleante, mas porque temos um
histórico de repressão à paz, de diferenças religiosas, de guerras por motivos
ideológicos que englobam valores da religião socialmente predominante e que de
maneira nenhuma entrariam ou entram em diálogo em busca da paz, mesmo com todos
os esforços de teólogos, burocratas, idealistas, simpatizantes de causa e sonhadores
com um mundo melhor.
Falo isso porque uma classe que
talvez seja a principal e mais influente e ativa dentro do sistema religioso,
não se preocupa com esse pensamento de diálogo, que são os próprios religiosos
e seus comandantes, os sacerdotes. Falar em paz e em cooperação entre monges
budistas talvez fosse fácil, mas ineficaz, considerando que os mesmos passam
suas vidas trancafiadas em monastérios e parecem não muito preocupados com a
vida lá fora. Difícil mesmo é buscar um diálogo entre islâmicos radicais, que
estão no poder dos paises árabes, ou dos grupos terroristas que têm como causa a guerra em busca de seus direitos usurpados pelos elitistas de origem norte-americana. Ou, até mesmo falar em paz e diálogo com cristãos evangélicos
brasileiros, obsoletos em sua teologia, totalmente despreocupados com a
realidade em detrimento de um apocalíptico porvir, que faz com que negligenciem
o presente e o mundo material, pois lhe está preparado “morada nos céus” em um
novo mundo totalmente santo.
Dentro do balaio de religiões que o
autor apresenta no texto como os grandes sistemas atuais religiosos de força,
temos três grandes religiões que são visões religiosas absolutas: judaísmo,
cristianismo e islamismo e comandam praticamente 2\3 dos habitantes do planeta.
São absolutas porque não entram em diálogo, é só buscarmos o histórico de cada
uma delas pra vermos repressão, exclusão, guerra santa, cruzadas, genocídios
e por aí vai, a lista é realmente enorme. Suas verdades absolutas enfatizam a
superioridade em comparação à outras, como a verdadeira revelação de Deus,
impossível Alá ser Javé ou Javé ser Jesus, muito menos Jesus ser Alá. Os judeus
não aceitam o messias cristão, os cristãos usam e abusam do A.T para justificar
a divindade de Cristo e os islâmicos dizem que Maomé é grande profeta de Alá e
que Jesus seria apenas um enviado de Alá e mensageiro do Islã, abaixo, é claro, de Maomé. Não existe diálogo, o dogma não permite o diálogo.
O dogma seria basicamente o ponto fundamental e indiscutível de uma crença
religiosa, sua máxima e preceitos. Contudo, esse dogma não poderia ser
relativo, ou seja, baseado naquela velha metáfora de que todos os caminhos
(Religiões) levam ao topo do monte (Deus) ou que vários cegos ao tocarem em um
elefante (Deus) tem várias perspectivas (Religiões) de um só elemento. Isso é
conversa de Academia, Universidade que tenta implantar o discurso pós-moderno
na sociedade. Na prática sistêmica – religiosa liderada pelos sacerdotes (Líderes
do fiel) o dogma sempre será absoluto, ou seja, se utilizará da verdade
religiosa, como ponto último e primeiro da existência e das explicações de mundo,
sendo superior a todas as outras explicações de mundo e religiões, embora não
tente descaradamente anula-las, mas o fazem em seus círculos internos, se auto-proclamando
senhores da verdade e do conhecimento absoluto através de sua apologética. E o
absolutismo não conhece diálogo, pois invalidaria a eficiência e verdade de seu
dogma e a devoção de seus fieis. Há milhares de anos, as religiões tem se
comportado dessa maneira, poderia até haver uma mudança de pensamento, mas
abalaria as mais profundas bases das religiões e isso não é desejado por
nenhuma delas, mesmo após duas grandes guerras mundiais.
Que comanda é quem tem poder, e
essas religiões têm poder (sistema político, liderado pelos sacerdotes) e não
querem abrir mão disso. Talvez os teólogos devessem estudar mais ciências
políticas e sociais, para depois perceberem que não existe paz por meio da
religião, a religião sempre foi e será sangue e guerra. Pensar em paz mundial através da religião é
pensar que Jesus Cristo nasceu através da Virgem Maria, na melhor das
hipóteses. Talvez, com o grande esforço de pensadores e teólogos que se propõem
a isso, tenhamos algum êxito, mas para eles deixo a minha fé, como a que possuo
em Deus, descrito pelos homens através dos mitos.
Por Rodrigo de Barros Mascarenhas
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