1. O tema
ou a palavra pecado são salientados em diversos meios religiosos,
senão em todos. Quase sempre, quando pela igreja, sendo citados, a
partir da ótica, perspectiva intraeclesiástica, gnóstico-cristã,
platônica-pentecostal. Ou seja, existem tratamentos distintos sobre
pecados, os quais, em certos casos, para umas comunidades, não são,
ou são, até de mais. Já, para outras, são, ou não são. A
definição sempre parte do comum-comunitário, do que aquele
agrupamento de indivíduos determina e apoia enxergar como.
2. Isso
lembra o desenvolvimento do tema em Israel, para Israel. A partir de
qualquer leitura honesta da Bíblia Hebraica, percebe-se esse
processo. Nunca foi considerado pecado as matanças, chacinas,
assassínios realizados por Josué e sua trupe, bando de escravos
obsecados por uma terra natal, e por uma herança a ser recebida.
Onde até as crianças de colo tinham seus pescoços arrancados, e
suas vísceras derramadas ao chão, justamente porque nada disso era
pecado, era mando de Yaveh, e totalmente aprovado pela deity,
sob
a justificativa dos patriarcas, e de seus direitos.
3. Ou
quando o heroico Sansão se suicida, levando consigo quase três mil
idólatras, pagãos, adoradores de outros deuses, além da deity
monoteística, ou monoidolátrica Ou no caso discutido de Jefté, ao
oferecer sua filha aos deuses, através de um sacrifício de morte.
4. Para Israel, sempre foram absolvidos tais atos, dentro da linguagem sacralizada, e principalmente quando a ala sacerdotal se esforçou para consolidar a estrutura da religião de seus ancestrais tribais, nômades. Por isso, quase sempre são vistas as referências da divindade aprovando e falando a favor do povo, e de seus líderes, e consequentemente de suas atitudes violentas. Para se relacionar coerentemente todas as questões à mesa, essa deity foi chamada daquela que é dos exércitos, da guerra, que despedaça os carros no fogo, e quebra as lanças dos inimigos, jogando seus filhos contra paredes grossas de concreto, para quebrar-lhes os dentes da boca. Denominada autora do mal, e também do bem, posteriormente.
5. Pois
bem, até aí pensava-se estar tudo nas medidas corretas, e estava,
de fato. Pois, quando se montava uma imagem de um deus, e
introduziam-na para dentro do cotidiano de um povo, com sua cultura
contribuindo para recebê-la, as coisas ficavam mais fáceis, e
aceitáveis. Ouvir sobre o deus da guerra, dentro de uma nação de
guerra, é bem cômodo.
6. No
entanto, o pecado não é analisado da mesma maneira, modo, se se
puser um outro ponto de partida de observação, e análise.
Cristianamente, como se entende tais ocorridos, por exemplo?
Obviamente que alguém já tentou dar um jeito nesse lápso, ao
tentar conciliar as contradições, lançando-as em uma bandeja de
teologia dogmática, e servindo-a para as mentes ocas se
alimentarem, e se sentirem nutridas, satisfeitas. Normalmente
desonestamente, essa tentativa de se estabilizar as coisas tem sido
aprovada, e não investigada. Se funciona, pra que mexer? Time que
está ganhando não se mexe!
7. Ela é
antiga, desde o escritor, dos hebreus, da Hebreus, quando lançou
sua listagem ultrasanta, citando as personagens icônicas do antigo
Israel, e aprovando todas as suas cabeçadas remotas. Continua
atualmente, a cada sermão, texto, verbalização, de expositores
tradicionais, ultramente misturados no produto sistêmico da
religião de Jesus.
8. O que se
quer dizer. Nada na Bíblia Hebraica, grega vetero ou
neotestamentária, ou pouco pode ser agrupado, juntado,
concordialmente, sem questionamento e dúvida. Pois se trata de uma
complexa remenda histórico-religiosa, uma teia inacabada de
suposições e “chutamentos” sobre o transcendental. Ou seja, o
que era “errado” em alguns casos, em outros não era, ou passou
a ser depois. Usar um único marco para se observar, e definir o
pecado, a quase três mil longos anos de distância dos textos mais
antigos, é audacioso.
9. Pasmem-se,
mas essa é a realidade. Muito engraçado quando se vê pessoas
tentando discutir sobre o que pode e não pode, a partir da história
de Noé, ou Ló, ou quem quer que seja. Mais ainda quando se utiliza
esses materiais para determinação da matiz primaz de vida, de
qualquer um do mundo moderno.
10. Meio
complicado, hajam vista os desafios interpretativos que formam a
pele do corpo desses textos, e às faltas de propriedade que se têm
quando na tentativa de se filtrar o sangue do soma esquisito
da história religiosa. Ainda mais na aplicação de tais coisas,
para “pobres” moradores de ambientes citadinos de metrópoles,
ou campestres interioranos, em um Brasil tão distante quanto seus
aproximadamente dez mil quilômetros da Palestina.
11. Então,
pecado não se define? Claro que sim. Já o fizeram os sacerdotes
desde os remotos gênesis. Vem dela, da serpente, diva da
fertilidade cananeia (Babilônica?). Dele, Caim, em seu oferecimento
grotesco de mato. Do povo, em sua violência, ou corrupção
(depende da fonte da leitura; Gn 6), nos tempos de Noah. Dos
Cananeus, Jebuseus, Assírios, Sírios, Babilônicos, Persas, Medos,
Gregos, Romanos, e todos os outros. Agora, juntar tudo isso aí,
supracitado, e forjar um cume cabal, para o tema, é
complicadíssimo, com certeza.
Muitos pensam: melhor mesmo é não polemizar, e sim, continuar
entendendo simplesmente como “errar o alvo”.
12. Agora, que alvo seria esse? Começam-se novas réplicas.
André Francisco
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