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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Apresentação de crianças a Deus na igreja



1. É comum no meio evangélico- em determinadas igrejas, não todas- a realização da cerimônia de apresentação de crianças recém-nascidas a deus no templo cristão. A liturgia que envolve a celebração é bastante simples, quase sempre se desenvolvendo na ida dos pais até ao púlpito, da passagem do bebê às mãos do pastor, seguida de uma rápida citação do texto bíblico de Lucas 2.22 (apresentação de Jesus no templo) e uma oração de teor vinculativo posteriormente. 

2. Esse rito normalmente se justifica pelo fato da maioria das igrejas não batizar crianças antes dos 12 anos, segundo a tradição de que até essa idade ainda não sobrepujou a culpa do pecado de  Adão sobre eles, visto que não possuem plenamente a capacidade cognitiva de determinar valores bons e ruins de acordo com os pré-estabelecimentos bíblicos na temática soteriológicas e hamartiológicas.

3. Logo, o a doutrina do batismo, segundo esse viés teológico, não se atribuiu às crianças, considerando que carrega o significado da representação da morte para o pecado e nascimento para deus. Na substituição do rito batismal emprega-se o da apresentação, desvinculando a necessidade de um a partir da utilização de outro. 

4. Vejamos o que texto bíblico realmente diz sobre o caso:

5. É bem verdade que o autor do evangelho de Lucas cita o rito de apresentação de Jesus no templo de Salomão como sendo em cumprimento da Lei de Moisés (Luas 2.22). No entanto, observando a referência, percebe-se que o teor do mandamento é diferente da interpretação usada pelo evangelista no que se estende ao personagem principal da cerimônia em relação ao pecado e ao próprio Yaveh. Veja:


"15 Será teu igualmente todo primogênito de toda criatura, homem ou animal, que os israelitas oferecerem ao Senhor; ordenarás, não obstante, que se resgate o primogênito do homem, assim como os primogênitos dos animais impuros."

6. Percebe-se que no texto supracitado a previsão da legislação mosaica ordena que os primogênitos sejam resgatados no ritual de apresentação e não simplesmente mostrados a Yaveh ou purificados. A purificação exigida no diploma era para a mãe, considerada por em outro momento como impura durante 40 dias após a gestação. 

"O Senhor disse a Moisés: "Dize aos israelitas o seguinte:

quando uma mulher der à luz um menino será impura durante sete dias, como nos dias de sua menstruação.

No oitavo dia far-se-á a circuncisão do menino.

Ela ficará ainda trinta e três dias no sangue de sua purificação; não tocará coisa alguma santa, e não irá ao santuário até que se acabem os dias de sua purificação.

Se ela der á luz uma menina, será impura durante duas semanas, como nos dias de sua menstruação, e ficará sessenta e seis dias no sangue de sua purificação.

Cumpridos esses dias, por um filho ou por uma filha, apresentará ao sacerdote, à entrada da tenda de reunião, um cordeiro de um ano em holocausto, e um pombinho ou uma rola em sacrifícios pelo pecado.
O sacerdote os oferecerá ao Senhor, e fará a expiação por ela, que será purificada do fluxo de seu sangue. Tal é a lei relativa à mulher que dá à luz um menino ou uma menina.
Se as suas posses não lhe permitirem trazer um cordeiro, tomará duas rolas ou dois pombinhos, uma para o holocausto e outro para o sacrifício pelo pecado. O sacerdote fará por ela a expiação, e será purificada"."



7. Vê-se com clareza que a mulher (vitimada pela sociedade extremamente machista dos judeus sacerdotais) era considerada imunda após o parto e dependia do ritual de apresentação para oferecer animais em expiação. No caso de Maria, devido às limitações econômicas, foram cobrados dois pombos e duas rolas em holocausto (Lucas 2.24/ Levítico 12.1-8). Caso não o fizesse, poderia ser executada segundo a Lei de Moisés ou discriminada por toda sua vida na comunidade judaica. 

8. Qual a relação desse ritual judaico com crianças cristãs? Nenhuma!

9. De acordo com a dogmática evangélica já citada, as crianças não dependem de qualquer tipo de ritual a qual sirva de purificação de pecados, destacando que não os possuem. Nem mesmo aquele que é natural do novo testamento, o batismo, é aplicado. Por que deveria ser realizado o do judaísmo previsto na Lei de Moisés e cuja finalidade era a circuncisão e o resgate?

10. Neotestamentariamente, não existe qualquer tipo de alusão às gestantes, nem mesmo previsão do que deveria ser feito seguindo a luz dos ensinamentos apostólicos. Porém, não há em lugar algum o ritual de apresentação de bebês.


André Francisco







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