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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Da irracionalidade do discurso de Silas Malafaia (Palestra da Esplanada dos Ministérios)

Sim, eu sei, é um porre falar sobre isso, mas...

É com grande pesar que comecei uma das minhas manhãs de sábado assistindo ao programa do Sr. Silas “falastrão” Malafaia, denominado “Vitória em Cristo”, que poderia bem ser “Vitória pela Teologia da prosperidade” ou “Vitória pelo dinheiro dos ignorantes”, mas enfim, Cristo haveria de ser mais uma vez foi crucificado, agora pelos seus próprios seguidores.
Concordo em absoluto que talvez (?) seja uma enorme perda de tempo escrever sobre aquele que é, em minha opinião, o maior mestre dos discursos falaciosos no Brasil (se juntando a outros mestres como Feliciano, Bolsonaro, Datena, Jabor...), contudo me enche de indignação o tamanho da repercussão e da aceitação que discursos como o de Malafaia recebem de grandes massas, aumentando mais ainda a sensação de que seria mesmo a grande maioria massa de manobra dos manipulativos homens (políticos, sacerdotes, catedráticos, celebridades) influentes dotados de conhecimento sobre psicologia social com uma pitada de boa homilética e marketing pessoal.
Na ocasião do programa, Malafaia discursava para cerca de setenta mil pessoas (segundo a polícia militar) alocadas no grande pátio da Esplanada dos ministérios em Brasília em um dia no meio de semana (convenhamos que seja um fato notável numericamente, mas ordinário em propósito e melhoria social). Ali estavam representantes políticos (Magno Malta, Feliciano, Takayama, Lauriete) e sacerdotais do movimento evangélico brasileiro, juntamente com o seu curral eleitoral e suas ovelhas em transe.  
O pastor psicólogo que parece ter especializações em “trocentas” áreas cientificas, já que opina sobre tudo e todos como se fosse um ser absoluto, começou o seu sermão de cara atacando o movimento GLBT e mostrando suas garras felinas e para que estava ali. Primeiro se referiu aos coloridos como “inimigos”, contrariando sua própria doutrina biblica de que “a luta dos crentes não é contra carne nem sangue (pessoas, movimentos, grupos, sociedades), mas contra as potestades do ar...” (Entenda-se “potestades” como espíritos malignos, demônios), ou seja, visivelmente a guerra da PL 122 já deixou a muito tempo de ser um movimento puramente ideológico e democrático (talvez nunca tenha sido) e tomou conotações extremamente pessoais e de interesses de poder. Opa Malafaia, aí não vale! O Senhor está olhando lá do céu meu camarada.
Logo após de dar o urro de guerra, Malafaia desafiou o movimento GLBT a reunir pelo menos “20 mil pessoas em dia de semana” naquele mesmo local, lá em baixo entre os reles mortais que estavam na grama se ouviam brados de “gloria Deus e aleluia”, gritos frenéticos de êxtase da retórica e talvez até algumas línguas estranhas para darem o tom da mística espiritual e da aprovação do Espírito Santo na fala do Pastor pastel. Falando do ponto de vista racional, é lógico que o movimento GLBT nunca conseguiria reunir esse numero e bater de frente com o movimento evangélico, já que os coloridos são minorias, enquanto os evangélicos representam cerca de 20 a 25 por cento da população brasileira, totalizando mais de 40 milhões de pessoas. Só pude dar risada e acabei até me lembrando de Gilberto freire e seu livro a pedagogia do oprimido, na máxima de que o “oprimido é um opressor em potencial”. Os evangélicos de tanto serem rechaçados e incompreendidos durante anos agora devolvem o troco na mesma moeda.
A verdade é que homens como Malafaia são produtos de discursos fundamentalistas que se tornaram reprodutores, continuando a disseminação desses mesmos discursos que irão produzir mais reprodutores que por sua vez darão continuidade e disseminação ao grupo ideológico sustentado pelo discurso em voga, fortalecendo-o mais ainda. E para isso não existe saída, nem cura (talvez devessem colocar em pauta a aprovação de um projeto de cura evangélica na comissão do Infeliciano), é confronto, é guerra, é a sociedade buscando democraticamente seus direitos e aquilo que irá beneficiar e convergir em uma convivência pacífica entre os orgulhosos homens. Nesse quesito devemos (maiorias) apoiar as minorias em suas tentativas de obter um espaço na sociedade e gozarem de direitos iguais de convivência. Homens como Malafaia existiram e sempre irão existir, cabem a nós homens da “polis” erguer a nossa voz (utilizando dos meios que tivermos acesso) em repudio as manifestações falaciosas e pretensiosas dos ditadores de opinião que querem controlar a liberdade individual em nome de seus pressupostos doutrinários.
Preciso deixar claro que não possuo nenhum tipo de preconceito contra o movimento evangélico, conheço e sei da seriedade de muitos homens e grupos desse movimento e que vivem suas crenças em beneficio da sociedade e não contra ela. Homens como Malafaia, por exemplo, apesar de se autodenominarem benéficos a sociedade não o são, pois seus pressupostos religiosos, doutrinários e teológicos são equivocados (não preciso nem falar de suas opiniões de outras áreas do conhecimento) e tendem a produzir irracionalidade coletiva através de discursos falaciosos.

Deixo aqui, três fontes importantes para você, caro leitor, que teve a coragem de ler esse texto até o final entender mais a respeito daquilo que estou falando:
1. Discurso de Silas Malafaia perante 70 mil evangélicos na Esplanada dos Ministérios:
2. Texto de um professor de Lógica (Materia Filosofica) desmascarando as máximas das falacias de Malafaia em seus discursos, mas especificamente na questão do Homossexualismo e sua relação com a genética e a discussão gerada apos sua ida ao programa da Gabi com o Geneticista Eli Vieira:
3. Video da resposta de Eli Vieira a Silas Malafaia:

Por Rodrigo de Barros Mascarenhas

domingo, 9 de junho de 2013

Dos remendos nas supostas curas de doenças pela fé

 
 
 
 
 
1. Remendos não fazem parte apenas de roupas velhas, estragadas. Diferente disso, são inseridos em várias situações, a fim de sanarem problemas diversos (é claro que conjectura-se aqui um sentido figurado para essa aplicação ampliada).
 
2. A situação aqui está voltada para um tema presente diariamente no contexto religioso evangélico no que se refere a casos de operações sobrenaturais de cura e milagres em benefício de necessitados de saúde.
 
3. O remendo que destaco é o da justificativa diária de que os casos de remoção de doenças, quando pela medicina, habilidade médica, operações de alto nível de requerimento de técnica e experimentação, são aplicados à realidade metafísica, operações sobrenaturais, logo, Deus e a oração dos fieis.
 
4. Não é difícil de se encontrar pessoas que, às vésperas de cirurgias de risco, diagnósticos antes previstos positivamente, ou situações de doenças simples, após serem devidamente assistidas pela medicina, atribuem esse benefício a Deus, justificando-o pela oração e fé de uma igreja que se propôs a orar, jejuar, deprecar em prol de sua melhora.
 
5. O testemunho que normalmente se ouve nas reuniões de liturgia após a "cura" é o seguinte: Deus usou as mãos do médico e me curou. Deus usou a medicina para sanar meu problema, entre outros.
 
6. Trato essas justificativas como remendos, aqui. Semelhantes aos que são feitos em calças velhas, que não podem ser perdidas totalmente apenas por causa de um buraco não consertado. Argumentos utilizados a fim de suavizarem o fato de que Deus não se mostra tão operante quanto antes entre as pessoas da mesma confissão de fé daquelas de tempos remotos, dos textos sagrados, e que, teoricamente, experimentavam uma ação divina sobressalentemente mais presente.
 
7. Há um problema nisso tudo. Os fieis sempre atribuem a Deus, quase que obrigatoriamente, todos os benefícios que lhes surgem em vida, principalmente os que estão voltados à área de saúde, estado físico. A doutrina, a partir dessa atribuição remendada, fortalece-se sobremaneira. Os textos de cura, operações sobrenaturais, tomam caráter realista, literário e, em casos extremos, até históricos, prejudicando a intepretação crítica da Bíblia e sua penetração no cotidiano eclesiástico.
 
8. Remendos que servem, também, para manter acesa a mística de que Deus sempre se infiltra nos lugares mais diferenciados do trâmite da vida humana, na encenação diária do viver terreno dos seres vivos e inanimados. A doutrina permite essa revitalização de sentidos arcaicos a partir dessas justificativas, e incluem em uma esfera geral de nossa sociedade contemporânea, moderna.
 
9. Não tenho otimismo quanto a libertação e desfazimento desses remendos, não mesmo. A cada dia que passa, a carência de sentido e direcionamento presente na mente de pessoas simples, normalmente mal letradas, em um mundo tão competitivo quanto o atual, faz com que o sentimento de espiritualidade cresça acentuadamente, permitindo o fortalecimento das concepções imateriais da dinâmica da vida. Porém, não desanimo em tentar salientar que são remendos, apenas, nada mais do que isso.
 
André Francisco
 
 

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