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domingo, 9 de junho de 2013

Dos remendos nas supostas curas de doenças pela fé

 
 
 
 
 
1. Remendos não fazem parte apenas de roupas velhas, estragadas. Diferente disso, são inseridos em várias situações, a fim de sanarem problemas diversos (é claro que conjectura-se aqui um sentido figurado para essa aplicação ampliada).
 
2. A situação aqui está voltada para um tema presente diariamente no contexto religioso evangélico no que se refere a casos de operações sobrenaturais de cura e milagres em benefício de necessitados de saúde.
 
3. O remendo que destaco é o da justificativa diária de que os casos de remoção de doenças, quando pela medicina, habilidade médica, operações de alto nível de requerimento de técnica e experimentação, são aplicados à realidade metafísica, operações sobrenaturais, logo, Deus e a oração dos fieis.
 
4. Não é difícil de se encontrar pessoas que, às vésperas de cirurgias de risco, diagnósticos antes previstos positivamente, ou situações de doenças simples, após serem devidamente assistidas pela medicina, atribuem esse benefício a Deus, justificando-o pela oração e fé de uma igreja que se propôs a orar, jejuar, deprecar em prol de sua melhora.
 
5. O testemunho que normalmente se ouve nas reuniões de liturgia após a "cura" é o seguinte: Deus usou as mãos do médico e me curou. Deus usou a medicina para sanar meu problema, entre outros.
 
6. Trato essas justificativas como remendos, aqui. Semelhantes aos que são feitos em calças velhas, que não podem ser perdidas totalmente apenas por causa de um buraco não consertado. Argumentos utilizados a fim de suavizarem o fato de que Deus não se mostra tão operante quanto antes entre as pessoas da mesma confissão de fé daquelas de tempos remotos, dos textos sagrados, e que, teoricamente, experimentavam uma ação divina sobressalentemente mais presente.
 
7. Há um problema nisso tudo. Os fieis sempre atribuem a Deus, quase que obrigatoriamente, todos os benefícios que lhes surgem em vida, principalmente os que estão voltados à área de saúde, estado físico. A doutrina, a partir dessa atribuição remendada, fortalece-se sobremaneira. Os textos de cura, operações sobrenaturais, tomam caráter realista, literário e, em casos extremos, até históricos, prejudicando a intepretação crítica da Bíblia e sua penetração no cotidiano eclesiástico.
 
8. Remendos que servem, também, para manter acesa a mística de que Deus sempre se infiltra nos lugares mais diferenciados do trâmite da vida humana, na encenação diária do viver terreno dos seres vivos e inanimados. A doutrina permite essa revitalização de sentidos arcaicos a partir dessas justificativas, e incluem em uma esfera geral de nossa sociedade contemporânea, moderna.
 
9. Não tenho otimismo quanto a libertação e desfazimento desses remendos, não mesmo. A cada dia que passa, a carência de sentido e direcionamento presente na mente de pessoas simples, normalmente mal letradas, em um mundo tão competitivo quanto o atual, faz com que o sentimento de espiritualidade cresça acentuadamente, permitindo o fortalecimento das concepções imateriais da dinâmica da vida. Porém, não desanimo em tentar salientar que são remendos, apenas, nada mais do que isso.
 
André Francisco
 
 

Um comentário:

  1. Mas quem disse que esses remendos não fazem parte da tradição bíblica. O processo do folclore javista tem sua atenção voltada a ação diretiva, enquanto que nos textos históricos de certos indivíduos, tal como o da Ester, já clamam por uma relação mística "remendada" á realidade do fato.
    O javé nos textos de indivíduos recentes monta-se á ação indireta. Digamos que ainda hoje a tradição tenta ver a ação de deus no puro secular

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