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DIÁLOGO ABERTO, O ORIGINAL, é um espaço interativo cuja finalidade é a discussão. A partir de abordagens relacionadas a muitos temas diversos, dos mais complexos aos mais práticos, entre teologia, filosofia, política, economia, direito, dia a dia, entretenimento, etc; propõe um novo modo de análise e argumentação sobre inúmeras convenções atuais, e isso, em uma esfera religiosa, humana, geral. Fazendo uso de linguagem acessível, visa à promoção e à saliência de debates e exposições provocadoras, a afim de gerar ou despertar, em o leitor, um espírito crítico e questionador.

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terça-feira, 31 de julho de 2012

Para que igreja? (Rodrigues, 2012)


Por Efraim Rodrigues, 26 de Julho, 2012.



1. Quem nunca indagou acerca da relevância das igrejas, templos, catedrais, salões do reino, capelas, reuniões dominicais e sabatinas, missas, cultos, cruzadas, consagrações, pregações, louvores, manifestações de glossolalias, etc. Bom, há quatro anos, eu diria que não, por um simples motivo, eu não “pensava”. Quando falo ou escrevo que “não pensava”, quero dizer que eu não pensava mesmo, em hipótese alguma. Nem um pensamento crítico, nem um questionamento do tipo: por que isso, para que isso ou, pelo menos, o que foi isso? É leitor, era uma alienação fatal e uma neurose total! Não quero afirmar que todos os religiosos são assim ou foram assim, quero acreditar que “boa” (tá de brincadeira!) parte deles utiliza sua massa cefálica para alguma coisa. Eu desejo muito acreditar que alguns membros e frequentadores de sistemas eclesiásticos já se pegaram pecando, com tal indagação. E se você, membro ou frequentador, cometeu tamanho pecado, quero lhe informar que você é um sério candidato ao “inferno das incertezas”. Um local criado por deuses, para aqueles que ousam questionar o porquê das igrejas. 

2. Pensando no assunto, só para variar, delirei quando achei que existia relevância na igreja (igreja engloba todos os vocábulos e suas semânticas citadas nas três primeiras linhas acima). Quem nunca teve um déficit cognoscitivo na vida? Bom, como dizia (ao digitar), no meu delírio, ousava encontrar argumentos convincentes, capazes de redimir a “constatinopolização”, o evangelho dos templos e altares (nesta época pouco sabia acerca de Constantino). Na minha saga apologética, nomes como McDowell, Franklin Ferreira, Russel Sheed, John Stott, e outros que não me recordo, enchiam-me de esperança, orgulho, argumentos, e inconscientemente de ilusões, neuroses, distúrbios espirituais, como também me afastavam da realidade (a “síndrome do marciano”). Esta “patologia gospel”, infelizmente, me trouxe consequências desastrosas que me exigiram uma árdua “caminhada do retorno”. Nesta caminhada, edifícios foram destruídos, entulhos removidos e tempos redimidos. Contudo, ainda me resta uma missão, encontrar a coordenada exata do erro (que tolo, outro delírio, cicatrizes são cicatrizes!). Enfim, a inferência é inevitável e a verdade inquestionável (pelo menos para mim), a igreja produz “marcianos alienados e alienantes”, homens e mulheres que se abdicam da realidade última, para mergulharem no mundo eclesiástico da “pseudosantidade”.

3. O que torna interessante a temática santidade no meio eclesiástico é o seu total paradoxo prático. Um exemplo disso era minha vida. Quando me considerava cristão (na práxis nunca aconteceu) tentava levar sempre uma vida cheia de abstinências: afastava-me dos círculos de amizade na escola e na faculdade, pois os assuntos eram sempre sobre mulheres, futebol, festas, sexo, bebidas, academia e outras coisas de terráqueos (como um bom marciano, tinha que me proteger); nas reuniões familiares, a minha ausência era uma constante, devido minhas obrigações com o “reino de Deus” (para não dizer reino das gravatas); no trabalho ou em qualquer outro lugar, (e eu trabalhava?), a minha conduta tinha como finalidade constranger, ou melhor dizendo, atrair as pessoas a Cristo (Culto). Em resumo, a realidade terrena não fazia parte da minha rotina. Contudo, outra realidade me consumia. Outro sistema operava meu hardware. Um sistema sanguessuga, alienante e opressor. Onde a vitima passiva é também o opressor atuante (desculpe a redundância). Neste sistema, a vitalidade ausente da minha vida comum era dissipada na igreja e em suas atividades. E isso é um “paradoxo prático”. Um membro eclesiástico dependente de um sistema capaz de ser antagônico, com seu próprio paradigma (Jesus). A vivência de um lema, “afastar-se do mundo em busca de Deus”, em reverência àquele que o condena com uma simples frase, “e o verbo se fez carne”, é realmente paradoxal. 

4. Atualmente, no meu cotidiano (e agora ele é terreno), a igreja e suas implicações se encontram numa outra perspectiva. Analisar um sistema de dentro tem inferências inteiramente diferentes do que analisá-lo de fora, já dizia um pastor que um dia o admirei. Alguns anos atrás, minhas palavras e discursos seriam apologéticos, diante da temática proposta neste texto. Contudo, agora, do lado de fora (mais fora ainda pela condenação dos deuses marcianos), o antagonismo reina. “Pra que igreja” seria uma confissão religiosa pietista, se escrita (digitada) em 2009, entretanto, hoje ela não passa de uma confissão de um ex-dependente de igreja (Paulo Brabo me perdoe pelo plágio). E isso revela o contraste existente entre olhar de fora e olhar de dentro. Quando ainda inserido no sistema eclesiástico, conseguia vislumbrar falhas, entretanto, as mesmas não passavam de uma simples patologia, de um sistema divino ministrado por homens. Os erros e paradoxos existentes, por mais nítidos e alarmantes que fossem, nunca ofuscavam o brilho e a origem santa da igreja. Apontar um erro eclesiástico, para mim, era como mostrar uma pintura a um cego. Todavia, agora, do lado de fora da caverna, as perspectivas são outras. Não vejo erros dentro do cristianismo (sistema religioso criado por Constantino), mas o vejo como um grande erro. É mais um “ismo” criado no século IV, com fins políticos, que nos tempos hodiernos alimenta um pragmatismo, em busca de poder, sucesso e fama inerentes ao homem. O que revela mais um paradoxo desse sistema, pois sua faceta da abstinência se confronta com sua cede materialista. 

5. Já tente imaginar um monge budista, em pleno sábado, descendo uma montanha (onde provavelmente se localiza um templo budista), em direção a um vilarejo, na expectativa de se divertir em bares, boates, casas de jogos (dinheiro fácil), ou em qualquer outra fonte de “experiências sensoriais”. Então, percebi a tamanha contramão que seria essa minha imaginação, um discípulo da abstinência se esbaldar no que para ele é trivial. Contudo, quando “miro” os que se dizem discípulos de Jesus, aquele judeu pobre da galileia, que andava a pé ou de jumento pelas cidades palestinenses, conquistando pessoas pela sua simplicidade, camaradagem, altruísmo, sabedoria e amor, principalmente pela maneira como se relacionava, com os que não tinham nada a oferecer, porque seu lema era “graça”, então, vejo, e não só percebo, a tamanha “encarnação da contramão”. E não precisa de imaginação para inferir isso. Basta um pouco de coragem para ir a um culto (coisa que não tenho mais) e perceber que é possível um monge cristão descer a mais alta montanha da santidade (montanha essa que ele nunca subiu) em busca das piores concupiscências possíveis, a ganância, a sede por status, a paixão pelo sucesso, o amor ao dinheiro e qualquer outro sentimento capitalista (Calvino que o diga). 

6. Em um mundo onde o capitalismo reina não se torna difícil encontrarmos valores desumanos. E, para diagnosticarmos a natureza exploradora e destrutiva do capitalismo, basta um simples “clik” no controle da TV, e veremos o show da fé cristã (R.R não se ofenda!). Uma “religião” opressora que cobra de seus fieis (os sedentos de status social) um tributo que sustenta seu clero (os ricos). Bom, qualquer semelhança entre capitalismo e cristianismo não é mera coincidência, principalmente em se tratando da corrente evangélica. Entretanto, há uma diferença simples entre os dois sistemas, a “tangente opressora”. Vejamos, todo sistema opressor que se vale da escravatura possui uma metodologia particular. Por exemplo, no colonialismo, os reinos europeus utilizavam a força física para a conquista de terras, riquezas e escravos. Já no capitalismo, a força física não é tão eficaz (os Americanos que o digam), mas sim, a força financeira. Desse modo, a opressão capitalista tangencia o “bolso”. Por sua vez, o cristianismo, que não é tolo, destaca-se com uma metodologia mais eficaz, a escravidão da consciência. E, desta forma, a opressão cristã tangencia não só o bolso, mas toda a dimensão humana do seu “fiel escravo marciano” (se é que há dimensão humana nele). Seja ele branco ou negro, homem ou mulher, jovem ou velho, político ou honesto, oriental ou ocidental, templocêntrico ou herege (já fui assim), intelectual ou membro da AD, reformado ou comunista, não há distinção, a contaminação é panorâmica. 

7. Amigo leitor (só sendo um amigo para ler “isto” até o fim), tendo como último este parágrafo, faço uma confissão. Quando comecei encarnar essa visão de mundo (e não faz muito tempo), infelizmente, para minha mãe, e felizmente para mim, a realidade nunca mais foi a mesma. Muitos dualismos se dissolveram e novas lentes se formaram. Muitos conceitos urgiram e os mesmos já se dissolveram. Intervenções Superiores no meu cotidiano são descartadas. A realidade última para mim se chama “hoje”. Se há algum manipulador, ele atende por “acaso” (gosto da maneira como eclesiastes o descreve). E se existe uma intervenção superior na história, ela se potencializa no homem, contudo, não acredito no homem. Desta forma, o que importa é o hodierno, onde certezas não fazem parte dele, todavia, minhas dúvidas me consolam e consolidam meu credo. Não sou ateu, nem muito menos agnóstico. Também não sou inimigo da “Igreja”, apenas desconsidero a relevância da sua “usurpadora constantinopolitana”. O que sou, não sei. Viver o momento e extrair o máximo dele é o que faço e o que me resta. E assim, finalizo, com o ridículo que se segue: 

8. certeza, 
virtude dos arrogantes;
singularidade dos "marcianos";
distante dos pensantes....

“para meus amigos, ex-crentes, ex-hereges e, agora, sei lá o que...”

quarta-feira, 25 de julho de 2012

"A religião é o ópio do povo" (Marx, 1844)


1. Em a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, 1844, Karl Marx citou: "A religião é o ópio do povo". No sentido mais original, como forma de descrevê-la, e também a noção e o sistema religioso, mais precisamente, como ilusórios, teias inteligentemente, ou nem tanto, forjadas de escapatória, modos humanamente utilizados de mitificar a realidade e dar-lhe sentido animoso, não desgraçado infortúnio. 

2. Disse, também, que: "A religião é a teoria geral deste mundo". Certo disso, considerando seu círculo contextual de vida e toda a abordagem histórico-social que fazia dos conhecimentos. Tinha razão, pois, mentando, sempre se buscou explicar, teorizar, principalmente em eras remotas, o mundo, o universo, as formas, as existências, os sentidos, os valores, as possibilidades, as permissões, os acontecimentos, a partir dela, do que ela dizia.

3. Houve pouco destonamento entre homem e religião ao longo do tempo. As suposições verticais sempre foram amplamente utilizadas na tentativa de se explicar os nós obscuros da realidade horizontal, a única não especulada, mas existida, respirada, tocada. 

4. Exemplo simples, nas inúmeras histórias sobre dilúvio que objetivavam explicar as causas das inundações constantes de rios como Eufrates, Tigre, ou Nilo, e outros tantos (Dilúvio Sumério, de Gilgamesh; Africano, de Olokun; Mapuche, de Tentem Vilu; Maia, de Huracá; Judaico, de Noé), etc. Problemas horizontais, não cientificamente alcançados, por questões de primitividade, atribuídos aos mais altos níveis da realidade supra-humana, trazendo consigo a quimera, o conforto da cognição mítica subjetiva, o alívio ilusório ao sofrimento e às faltas de respostas. 

5. Isso servia, continua servindo, e Marx sabia disso. Normalmente, quando o assunto é relacionado ao sofrimento, não se busca explicação racional, pois nem sempre se dispõe. Mas para se tentar arranjar as coisas, e deixá-las suavizadas, joga-se a discussão, e as questões embrionárias do resultado patente, para os lugares onde ninguém tem condição de se responsabilizar ou de se tornar alvo de culpa, e aceitar o fato de que não possui resposta. 

6. É um jogo político com os céus, entre o terreno e o sagrado, verdadeira política externa, relação intergalática. 

7. Pois bem, para se jogar esse jogo, existem três partes principais que respectivamente se entrelaçam. Primeira, os donos da religião, seus intérpretes, e mantenedores. Normalmente, identificada pelo conjunto de mão-de-obra da atividade sagrada. Penso ser a mais sinistra, haja vista a manipulação proposital  produzida às massas, por tais. Segunda, o próprio sistema da religião, suas doutrinas, suas estruturas físicas, sua política interna. Penso ser a segunda mais sinistra, haja vista às falhas comprovadamente existentes, em suas afirmações consideradas óbvias e fundamentais. Terceira, o público, fiéis, onde o argumento euforizante chega e é entregado, produzindo o resultado maquiavélico criado pela primeira parte. Penso ser a terceira mais sinistra, porém, valorando, a primeira que me causa incômodo, e a segunda que me move à escrita (a parte dois é a causadora principal), hajam vista os problemas que geram, em mentes não reflexivas. 

8. Cada parte precisa de outra, para que a religião, no todo, funcione como ópio. 

9. A primeira parte ensina a teoria da política intergalática à terceira. E, dentro desse ensinamento, está a cláusula primordial, a de que a terceira parte precisa da segunda, para ter êxito. Do contrário, não terá, e tudo será inútil, o opion não funcionará. Em palavras claras, o seguinte: (1844, ficticiamente) estás pobre? Não importa, participa da missa (culto), e verás nitidamente sua morada eterna nos céus, que é o que vale. Ou: (2012) estás pobre? Importa, participa da missa (culto), ofertando, e verás nitidamente sua morada eterna na terra, que é o que vale.  

10. O discurso mudou um pouco, mas não é o caso aqui, não quero valorá-lo. Não é meu interesse ser advogado de defesa de qualquer lado sequer. No entanto, a essência continua.

11. Karl Marx queria que essa dependência fosse eliminada, e que o homem buscasse responder, por si mesmo, as questões da vida, negativas ou positivas. "A religião é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto ele não circula em tomo de si mesmo". Não teria mais carência dos funcionários, nem das opiniões catequéticas da religião, e sim, somente do ânimo racionalmente canalizado para dentro do ente próprio, indivíduo não alienado. 

12. Pensou: dessa forma, "a crítica do céu transforma-se deste modo em crítica da terra, a crítica da religião em crítica do direito, e a crítica da teologia em crítica da política". 

13. Falando do judaísmo, essa transformação não foi feita, porém, o contrário. Ou seja, a religião explicava, e o público obedecia. Respectivamente, assemelhando-lhes os sentidos,  as histórias dos deuses e as inundações diluvianas. Templo, sacerdotes, heróis e a Lei do Direito do Pentateuco veterotestamentário. Profetas críticos de Yaveh, e a política de Israel. Eclesiasticamente, do mesmo modo, as superstições e as mazelas humanas. Primeira e segunda parte (top. 7), e o direito do povo. Os dogmas e a influência política. 

14. A frase de Marx vem de um raciocínio consciente, lógico, para a tendência de sua teoria. Porém, infelizmente, na realidade existida, as coisas já eram diferentes, e continuam, e parece continuarem por tempo indeterminado. 

André Francisco

sábado, 21 de julho de 2012

Carpe Diem

1. Carpe diem, de Horácio, é uma frase em latim de um poema. É o "carpe diem quam minimum credula postero". Ou seja, "colha o dia, quanto menos confiada no de amanhã". 

2. Entendido como o mais forte motivador do hedonismo, do aproveitar devassamente, ou da ideia de que o futuro é incerto, e tudo é destinado a desaparecer.

3. Existem pessoas que preferem o primeiro modo, já outras, o segundo. O juízo de valor para tais modos é desnecessário, considerando que cada indivíduo tem o poder sobre suas próprias escolhas, atitudes. 

4. Escolha o como, o modo, a maneira, e viva, colha, aproveite, pois todos os momentos passarão, não existirão mais, em um futuro inquestionavelmente vindouro. 

André Francisco

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Teologia Liberal é do diabo!

1. Quando crentes tradicionais ouvem ou leem alguma coisa a respeito de exegese histórico-crítica, logo desaprovam-na, demonizam-na, considerando esse material perverso e "liberal".

2. Em primeiro lugar, para começarmos a conversa, quase sempre, não sabem, ou confundem o que seria teologia liberal, quanto menos exegese histórico-crítica. Em suas mentes, essa tendência teológica- se é que assim posso chamá-la- é do diabo, vinda diretamente das profundezas dos infernos, judaicos ou gregos, por acharem que ela se opõe a tudo, e a todos, do produto sistêmico da religião de Jesus, que, no caso, é a igreja, a fé dogmática. Da mesma forma, aquela.

3. Considerando os primeiros raciocínios teológicos dos pensadores denominados, posteriormente, de liberais, não consigo dizer se sim, ou se não, no que se refere à oposição, quanto às tentativas de desvelar ou desofuscar o mito, removendo a tradição, expedindo-a para longe da análise que faziam. 

4. Mas, mesmo se esses fossem os motivos iniciais da maioria da produção, o termo teologia "liberal" nunca seria cabal para significar esse momento histórico de criação acadêmica. Seria melhor o termo "teologia  altruísta", vinda de descontaminados das paredes das catedrais, e filantrópos no estudo teológico.

5. Liberal é muito amplo, palavra que não tem capacidade de exaurir, com propriedade, tudo o que a envolveram. Ainda mais quando sendo citada por cabeças que a desconhecem, até mesmo em seus sentidos simples, e embrionários.

6. Em segundo lugar, esses tradicionais não procuram descobrir se a tida teologia liberal é honesta ou não. Se seus produtos são coerentes ou não. Se seus pensamentos teológicos possuem base científica, histórica, e textual, mesmo. Falar é muito fácil, mas abrir-lhes os livros, é bem complicado, trabalhoso.

7. Se não sei, não falo. Ou, se falo, quando não sei, considero "chutes". E "chutes", sei que podem ou não estar corretos. O que espero é que digam que são "chutes", quando dizem sobre os demônios rondantes das cabeças dos liberais, sem saber. E que, com isso, consigam ouvir e ler exegese histórico-crítica, sem preconceito, e sem confundi-la. 

André Francisco

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De novo do pecado


    1. O tema ou a palavra pecado são salientados em diversos meios religiosos, senão em todos. Quase sempre, quando pela igreja, sendo citados, a partir da ótica, perspectiva intraeclesiástica, gnóstico-cristã, platônica-pentecostal. Ou seja, existem tratamentos distintos sobre pecados, os quais, em certos casos, para umas comunidades, não são, ou são, até de mais. Já, para outras, são, ou não são. A definição sempre parte do comum-comunitário, do que aquele agrupamento de indivíduos determina e apoia enxergar como.

    2. Isso lembra o desenvolvimento do tema em Israel, para Israel. A partir de qualquer leitura honesta da Bíblia Hebraica, percebe-se esse processo. Nunca foi considerado pecado as matanças, chacinas, assassínios realizados por Josué e sua trupe, bando de escravos obsecados por uma terra natal, e por uma herança a ser recebida. Onde até as crianças de colo tinham seus pescoços arrancados, e suas vísceras derramadas ao chão, justamente porque nada disso era pecado, era mando de Yaveh, e totalmente aprovado pela deity, sob a justificativa dos patriarcas, e de seus direitos.
    3. Ou quando o heroico Sansão se suicida, levando consigo quase três mil idólatras, pagãos, adoradores de outros deuses, além da deity monoteística, ou monoidolátrica Ou no caso discutido de Jefté, ao oferecer sua filha aos deuses, através de um sacrifício de morte.


    4. Para Israel, sempre foram absolvidos tais atos, dentro da linguagem sacralizada, e principalmente quando a ala sacerdotal se esforçou para consolidar a estrutura da religião de seus ancestrais tribais, nômades. Por isso, quase sempre são vistas as referências da divindade aprovando e falando a favor do povo, e de seus líderes, e consequentemente de suas atitudes violentas. Para se relacionar coerentemente todas as questões à mesa, essa deity foi chamada daquela que é dos exércitos, da guerra, que despedaça os carros no fogo, e quebra as lanças dos inimigos, jogando seus filhos contra paredes grossas de concreto, para quebrar-lhes os dentes da boca. Denominada autora do mal, e também do bem, posteriormente.

    5. Pois bem, até aí pensava-se estar tudo nas medidas corretas, e estava, de fato. Pois, quando se montava uma imagem de um deus, e introduziam-na para dentro do cotidiano de um povo, com sua cultura contribuindo para recebê-la, as coisas ficavam mais fáceis, e aceitáveis. Ouvir sobre o deus da guerra, dentro de uma nação de guerra, é bem cômodo.

    6. No entanto, o pecado não é analisado da mesma maneira, modo, se se puser um outro ponto de partida de observação, e análise. Cristianamente, como se entende tais ocorridos, por exemplo? Obviamente que alguém já tentou dar um jeito nesse lápso, ao tentar conciliar as contradições, lançando-as em uma bandeja de teologia dogmática, e servindo-a para as mentes ocas se alimentarem, e se sentirem nutridas, satisfeitas. Normalmente desonestamente, essa tentativa de se estabilizar as coisas tem sido aprovada, e não investigada. Se funciona, pra que mexer? Time que está ganhando não se mexe!

    7. Ela é antiga, desde o escritor, dos hebreus, da Hebreus, quando lançou sua listagem ultrasanta, citando as personagens icônicas do antigo Israel, e aprovando todas as suas cabeçadas remotas. Continua atualmente, a cada sermão, texto, verbalização, de expositores tradicionais, ultramente misturados no produto sistêmico da religião de Jesus.

    8. O que se quer dizer. Nada na Bíblia Hebraica, grega vetero ou neotestamentária, ou pouco pode ser agrupado, juntado, concordialmente, sem questionamento e dúvida. Pois se trata de uma complexa remenda histórico-religiosa, uma teia inacabada de suposições e “chutamentos” sobre o transcendental. Ou seja, o que era “errado” em alguns casos, em outros não era, ou passou a ser depois. Usar um único marco para se observar, e definir o pecado, a quase três mil longos anos de distância dos textos mais antigos, é audacioso.

    9. Pasmem-se, mas essa é a realidade. Muito engraçado quando se vê pessoas tentando discutir sobre o que pode e não pode, a partir da história de Noé, ou Ló, ou quem quer que seja. Mais ainda quando se utiliza esses materiais para determinação da matiz primaz de vida, de qualquer um do mundo moderno.

    10. Meio complicado, hajam vista os desafios interpretativos que formam a pele do corpo desses textos, e às faltas de propriedade que se têm quando na tentativa de se filtrar o sangue do soma esquisito da história religiosa. Ainda mais na aplicação de tais coisas, para “pobres” moradores de ambientes citadinos de metrópoles, ou campestres interioranos, em um Brasil tão distante quanto seus aproximadamente dez mil quilômetros da Palestina.

    11. Então, pecado não se define? Claro que sim. Já o fizeram os sacerdotes desde os remotos gênesis. Vem dela, da serpente, diva da fertilidade cananeia (Babilônica?). Dele, Caim, em seu oferecimento grotesco de mato. Do povo, em sua violência, ou corrupção (depende da fonte da leitura; Gn 6), nos tempos de Noah. Dos Cananeus, Jebuseus, Assírios, Sírios, Babilônicos, Persas, Medos, Gregos, Romanos, e todos os outros. Agora, juntar tudo isso aí, supracitado, e forjar um cume cabal, para o tema, é complicadíssimo, com certeza.
    Muitos pensam: melhor mesmo é não polemizar, e sim, continuar entendendo simplesmente como “errar o alvo”.

    12. Agora, que alvo seria esse? Começam-se novas réplicas. 

    André Francisco

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma ideia preguiçosa qualquer

1. Todas as pessoas que mantêm as mesmas ações e atitudes no dia a dia recebem o retorno da realidade, sempre da mesma forma, e não podem reclamar.

2. A vida é complexa, uma rede bem feita de acontecimentos, desafiadores e provocadores, que requerem atitudes diferentes, novas, a cada dia. Se forem mantidas as repetidas ações, os repetidos colhimentos persistiram em aparecer, dar suas caras. 

3. O primeiro passo para se viver diferentemente é mudar, óbvio. Mudar a mente, as ideias, os pensamentos, os desejos mais subjetivos e internos, os planos, a forma de encará-los. Resumidamente, a cosmovisão, visão de mundo, o enxergar das coisas.

4. Ser um ser, todos os dias, sem sentir o toque do ar, e o frio das pedras, é perda de tempo, é não aproveitar o bom, o belo, Deus. Levantar-se e não reagir, agradavelmente, ao sentir o primeiro respirar consciente do dia, é faltante, pleno desperdício. É existir e não viver, é estar aqui e, ao mesmo tempo, muito longe. É expirar a vitalidade, sem ao menos dar-lhe valor, por um momento mínimo sequer, deixá-la passar, fugir, sem ter controle sobre nada.

5. Uma opinião: começar, a partir de agora, um processo de transformação. Ou, ao menos, tentar ir de encontro com ele, pois ela já está vindo, querendo atingir um ente qualquer, e produzir coisas importantes. Toda novidade é desafiadora, e causa espanto, mas quem não gosta de coisas novas, não ainda usadas. Todos ou a maioria. 

6. Está aí, uma ideia preguiçosa qualquer. 


André Francisco

Não Pare, Não Pare Nunca.

Não Pare, Não Pare Nunca.

Belas palavras motivacionais para alguém que não conhece a verdadeira dor e sofrimento de experiencias existenciais profundas e fatalidades ocorridas que lhe tiram o sono, o prazer, a vontade, o sentido e o desejo de viver.

Para quem conhece, tais palavras indicam dois caminhos: uma dura realidade de continuar e ultrapassar esse obstaculo, fazendo de sua aparente derrota, um motivo de sua vitoria, um verdadeiro alquimista da dor, ou, se deixar estagnar e se vencer pelas fatalidades da vida e de suas experiencias existenciais dolorosas. A vida que se diga de passagem não é nada justa, assim como um cassino.

Nesse sentido me apoio na figura heroica da mitologia grega, que faz de sua dor um combustível para a vitoria. A verdade é que as muitas pessoas querem se livrar do sofrimento e isso não é possível e nem deve ser buscado. Não quero louvar o sofrimento, e nem o deveria, contudo é ele que muitas vezes nos faz sair de nossa zona de conforto, preguiça e ócio, que gera um ambiente improdutivo, a - colorido e infértil e nos leva para zonas em que somos obrigados a lutar, desafiar nossos limites, tocar o impossível, criar aquilo que parecia que nunca existira, enxergar esperança na visão da fé, movidos pela eternidade, assim como o Jovem Teseus, filho de uma camponesa que fora estrupada e repudiada em sua vila na Grécia antiga, tendo esse filho com status e a insignia de bastardo, porem o menino crescia amparado por forças sobrenaturais e possuía um senso de justiça, dignidade e amor como nenhum outro. Teseus, escolhido pelos deuses para liderar o exercito de seu povo contra um maligno rei, tenta fugir de sua missão para ficar com sua família e sua vida pobre e abnegada de camponês bastardo, contudo tal rei invade sua vila e em sua frente conta a gargante de sua mae, que a vê sangrando a morrer. Esse inferno vivido por Teseus, o leva por caminhos tortuosos a se tornar um homem corajoso e cumprir sua missão, enfim vitoriosa.  Essa historia está encenada no filme Imortais.

Enfim, Ostra Feliz não faz peróla (Rubem Alves). Os homens  são como nozes, só revelam o seu melhor quando são esmagados, o valor da vida se arranca das pedras (Bernanos).

Nada do mundo é de graça, como diz a musica do Rosa de Saron. Os maiores homens da historias e os que mais representam figuras heroicas e os heróis sociais são os que sofrem e retiram da dor as maiores lições de sua vida, ouvem a voz do vento e a poesia das pedras, estão em sintonia com a natureza, com os deuses, com sua própria fé. Vivem cada dia como se fossem o ultimo, não se apoiam no passado e nem esperam incessantemente do futuro, são construtores de sua história, produtos do meio e modificadores do meio, mais ainda modificadores.

São homens assim que me fazem complementar a ultima frase dessa musica, nada no mundo é de graça, mas  existem alguns que são "graça" para muitos. 

Recomendo que leia esse texto ouvindo essa bela musica, assim como eu, que escrevi, ouvindo-a com o coração apertado, o peito queimando e a mente livre para viver e voar.











sexta-feira, 13 de julho de 2012

Temas polêmicos [,] não!

1. Perguntaram-me o porquê de tantos lançamentos de temas polêmicos no Diversittas, e se eu estava desviado. Questionei: quais temas polêmicos são esses, e o que é estar desviado.

2. Já sabia quais eram as respostas, estavam claras em minha mente, haja vista ao indivíduo que fizera a pergunta. No entanto, indaguei para continuar sendo considerado polêmico, e permanecer transparecendo "desviado". Também para tentar compreender, ao ouvir de sua própria boca, com suas próprias palavras, ou de outros mais velhos, o que poderia ser tido polêmico, e "desviado", em sua mente totalmente encharcada pelo dogmatismo eclesiástico, e tradicionalismo litúrgico.

3. Não houve resposta coerente alguma, apenas várias interjeições- ah, sei lá, muitas coisas aí, tipo... ah, você sabe...

4. Não sei! Ou finjo que não sei, ou penso saber de mais, ou, às vezes, de menos. Certo! Acho que penso diferente, ou tenho certeza disso. Mas são consideravelmente polêmicos, e de "desviado", para ele, não para mim. Nem mesmo para leitores mais honestos, extraeclesiásticos, digo. Apenas queria que ele percebesse a discrepância de seus dogmas, e não, a partir deles, observar as discrepâncias dos meus posts. 

5. Porque não os vejo como dogmas, porém, pontos de vista, opiniões, e, quase sempre, com mínimo romantismo, e bastantes ciências, ainda que em diversas áreas, e em alguns casos inconscientemente. Ou tentativas mais claras de compreensão de temas variados. Podem ser polêmicos, para ele, porque esse indivíduo não consegue enxergar nada além do que pensa saber, pois pensa ser o exato, o correto, o pleno.

6. Quem dera que ele estimasse os seus pensamentos como polêmicos, infundados, de "desviado". Talvez se abriria para ler os meus, e avaliar claros, verdadeiros, e de "encontrado". Não os considero com percentual total de clareza, veracidade, nem costumo fazer esses tipos de juízos de valores, pois considero-lhes terríveis, e inadequados.

7. Com certeza, alguma coisa destonada da tradição há, senão, muitas. Mas quem dera que a tradição fosse vista no âmbito da polêmica, e do desvio, e não na obviedade insensata de sempre.

André Francisco

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mudei (dou-se) a pessoa dos textos

Nas primeiras postagens desse blog, ou nas mais antigas, utilizei bastante a impessoalidade para escrever. Nunca escrevia os textos, fazendo uso de verbos conjugados na primeira pessoal do singular. Ou seja, quando expunha uma ideia, sempre a fazia com a partícula se, no final das conjugações verbais, o que caracterizava a indeterminação do sujeito da frase, ou da oração. Quem provocava a ação, ou quem pensava acerca de alguma coisa, na voz passiva ou ativa, era sempre indeterminado, velado atrás das possibilidades sintáticas de nossa língua.  Não as clareava, propositadamente. Essa linguagem técnica é boa, científica, e acadêmica. Não é possível redigir conteúdo científico textual, atualmente, sem ela. Tão importante é que, quando não usada, torna qualquer trabalho monográfico, dissertativo, em apenas um ponto de vista subjetivo, sem estruturas básicas acordadas pela academia. No entanto, pensei que os temas que estavam sendo tratados, quase sempre sobre metafísica e religião, eram importantes de serem discutidos, com mais de mim (ainda que já tinha), para quem ler perceber, e, factualmente, em documentos eletrônicos, ter condição de descobrir qual é meu pensamento sobre, e, desse modo, poder afirmar a respeito da minha mente, não somente especular. Ou seja, já havia tudo de mim nas primeiras postagens, mas gramaticalmente não. Agora, propus colocar tudo do "ego", na gramática também. Pensei! Para toda discussão, naturalmente, requer-se uma percepção de ponto de partida, e essa percepção de ponto de partida, primeiramente, faz jus a todo conteúdo de alma do escritor, daquele que expõe a ideia em primeira mão. E acho que esse derramar de alma, em um sentido de se refletir particularmente sobre alguma coisa, não pode ser ocultado, por simplesmente ser diferente, em alguns casos, do que a maioria dos leitores pensa. Assim, resolvi escrever, determinando o sujeito, usando verbos na primeira pessoal do singular, para não ter erro, dúvida, ou não esclarecimento, a respeito do que é lançado no Diversittas. De começo, vou fazer um texto sim e um não. Dependendo do tema, é claro. Pois existem alguns que quero estar presente, na totalidade, principalmente na gramática, que é sagrada, e comunica. 
André Francisco

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Como assim música do mundo? Parte 2

A primeira parte do comentário desse tema se esforçou, condensadamente, haja vista ao limite espacial, em mostrar a futilidade e fraqueza do aspecto de se sacralizar algo, por força do espírito religioso, e dogmático, que cerca e faz parte (within) da identidade supostamente cristã das comunidades evangélicas, principalmente, em se tratando de um contexto brasileiro, sem se considerar o resto, o que fica do lado de fora, o marginalizado, e nem os próprios textos constituintes do livro sagrado, para elas, que é a Bíblia. Foi desvelado, ou tentado desvelar as configurações históricas, lá de trás, ou nem tanto assim, e os motivos desse dualismo quase que gnóstico, ou gnóstico, existente nas comunidades. O do não e sim; pode e não pode; pecado e santo; puro e impuro; sagrado e profano; cristão e não cristão, etc. Penso ter sido necessária essa tentativa extremamente modesta de desvelamento, considerando o perigo do assassínio da arte, cultura, capacidade humana, amor, raciocínio, beleza, criatividade, que esse pensamento insano tem causado, o de não se atribuir validade, ou de causar tolhimento ao acesso do tido anticristão, que são as músicas do "mundo". Nunca vi uma palavra tão mal interpretada, em português, ou grego neotestamentário, quanto essa, cosmos, que quer dizer mundo, universo, sistema malignado. Há cinquenta anos atrás, por exemplo, em um contexto protestante-pentecostal-clássico, essa palavra era usada na descrição de objetos, religiosamente proibidos, como televisão, rádio, cinema, filme, praia. Há vinte, ou menos, essa palavra era muito usada na descrição de objetos como, calça feminina, brincos, jóias gerais, maquiagem, em muitos casos, futebol, esporte, atividade física, bermuda, tatuagem, etc, etc, etc (assunto para outro tema: Usos e Costumes, que "porcarias" são essas?). Coisas que eram interpretadas, ou ainda são, através do uso da palavra cosmos, mas no sentido daquilo que "não é cristão", "puro", ou dogmático, aceitável dentro do comum-comunitário, ambiente litúrgico, intraeclesiástico. À música, foi adjungido esse termo, como adjetivo de qualidade, ou seja, música do "mundo", um tipo, entre outros, principalmente, entre o "santo", que são as da igreja. Muito esdrúxulo! Mal sabem muitos pentecostais que muitos dos seus hinos, do hinário "sagrado", cantado teimadamente em toda reunião, que "é" a Harpa Cristã, ou Cantor Cristão, em certas denominações, são compostos com melodias de musicatas da Idade Média, ou dos séculos subsequentes, 16 ao 19, cujos ouvidos recebedores dos seus soares eram de frequentadores de cabarés. Por causa disso, não os condeno, fazendo juízo de valor, só porque os ritmos foram copiados desse tipo de música anteriormente referido, tendo em vista o argumento de defesa, aqui proposto, às músicas extraeclesiásticas, "extrasistêmicas". No entanto, quero salientar que se a mesma matiz fosse mantida, muitas coisas também deveriam ser consideradas como "mundanas", nesse sentido esquisito, por toda a comunidade pentecostal. Nem vou destacar aqui todas as cópias da igreja Romana, que a igreja protestante sempre fez, e que as pessoas nem se atêm, como estrutura do templo (em aspectos gerais), roupas do clero, diferentes do laicato, eucaristia, hinos, orações, púlpitos, etc; a maioria, cópia. Historicamente, essa discrepância de consideração entre músicas se originou dos missionários protestantes-tradicionais-dogmáticos, quase que puritanos (ou não, pois grande parte dos puritanos estadunidenses plantava tabaco, e consequentemente poderiam ser fumantes), vindos de outros países. Chegavam aqui e viam a igreja católica, com suas práticas, e diziam: faremos diferente! Ou seja, se eles bebem, não beberemos; se eles fumam, não fumaremos, se eles usam cruzes nos templos ou no corpo (pingentes ou colares), não usaremos,  se eles escutam qualquer música, só escutaremos as nossas, se eles falam palavras chulas, nós não, se eles vão à praia, não iremos, etc, etc, etc. Porém, a maioria desse estabelecimento de normas nunca passou por análise Bíblica, somente religiosa, sistêmica, dogmática, eclesiástica. Por isso, até hoje, por muitos, escutar música, que não seja da igreja evangélica, é pecado, profano, e totalmente inaceitável. No entanto, se for cobrada uma lógica, para tal argumento ser interpretado como certo, dificilmente haveria. Qual o sentido, lógica, argumento, para se dizer que não se pode ouvir uma música de amor, de história, da vida, de animal, de paz, ideológica, sei lá, qual que seja? Não entra em meu cérebro, raciocínio, mente, esse papo furado. Quando se questiona, normalmente se diz: é que não edifica. Pergunto, edificar o quê? Aí, dizem os mais antigos: a vida espiritual. Replico, que vida espiritual é essa? E a discussão continua (deixe para outro post). O que quero dizer é que não existe tal explicação lógica para se proibir, e se fossem falar que há na Bíblia, aí a conversa ficaria ainda melhor, pois seriam vomitados milhares de textos que são interpretados erradamente, e eu teria o trabalho de fazer uma exegese qualquer, e assim, chegar ao final da argumentação, provando o contrário. Mas, acho desnecessária essa abordagem científica para tal fim, pois, acho que a principal causa dessa "demonização" é a falta de uma mente encharcada de amor, e cheia de sentimentos bons, olhar da alma. Pois, qualquer um que as tenha sabe que ouvir Marisa Monte cantando "A sua", só pode ser divino, e Bob Marley cantando "Is This Love", "One Love", "Three Little Birds", sagrado. Ou outro cantor qualquer que, por sua inteligência, conseguiu criar, dar forma, vida e alma, as suas mais diversas letras, músicas, e, juntamente com a melodia, harmonizou-as, tornando-as quase que eternas, para cada momento específico da vida, e para cada tipo de situação. Tomara que nessas simples postagens, alguns assassinos da arte possam mudar de mente, ou, pelo menos, serem provocados.


André Francisco

domingo, 1 de julho de 2012

Teologia de avestruz


1. Enfiar a cabeça no buraco e fingir que se resolveu tudo.

2. Mas o nome disso é sonegação de informação, manipulação e desonestidade.

3. Inventaram que, para ser pastor, precisa de curso de Teologia. Não se quer aprender nada, de fato. Se quer, apenas, legitimar uma "vocação". No fundo, os seminários pensam-se como centros de treinamentos pastorais, para reprodução das doutrinas da denominação.

4. Não se pode condenar essa perspectiva. Ela não está errada. Mas ela precisa ser mais honesta. Ela não pode dizer que ali se ensina Bíblia - é falsa a declaração. Ali se ensina a tradição denominacional, e nada mais do que isso. O problema é que cada denominação diz que ensina a Bíblia, de modo que, em seus centros de formação, essa retórica política se repete: aqui, nesse centro de formação, se ensina - e lá vem a dissonância: Evangelho e Bíblia. Não. Ali se ensinam as doutrinas e as regras da denominação, usando a Bíblia para isso.

5. Aí, vamos para a sala de aula.

6. Sala de aula é um negócio incontrolável. Pode ser o centro mais fascista que você imaginar, mais cedo ou mais tarde, alguma coisa em sala de aula é dita sem conformidade com o padrão.

7. Teologia e Bíblia então: imagina... Não há uma aula sem que alguma coisa fora dos eixos não seja dita, e isso em ambientes de máximo controle dogmático.

8. Imagina você o que não ocorre em ambientes mais arejados - e os há.

9. Bem, ainda que o ambiente seja arejado, o sujeito é um "vocacionado". Ele ouve e faz as contas - é a Teologia do ábaco, até aí. Ele pensa assim: se eu falar isso lá, vai todo mundo embora. E já anota que, aquilo, jamais dirá. Dia a dia ele vai ouvindo um monte de coisas que, na prática, desmonta outro monte de coisas que ele, vocacionado, juraria, diante de Deus, serem verdades - e eram mera tradição. No final do curso, ele já decidiu tudo que sonegará às pessoas que "pastoreará".

10. E sonegará.

11. Ele aprendeu certas coisas, mas não contará nada. Enfiará a cabeça no buraco e fingirá que o mundo é como ele diz que é - e isso dito desde o púlpito, pronto!...

12. Eu acho que isso acontece, porque ele, o vocacionado, agora pastor, olha nos olhos de Deus. Se ele olhasse nos olhos das pessoas, não teria coragem de mentir para elas. Mas, em nome de Deus, por Deus, e para Deus, a gente faz qualquer coisa. 

13. Já matamos!...

14. Sonegar informação é troco...

15. O problema é que as fogueiras eram acesas com as informações que começavam a circular...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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