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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Como assim música do mundo? Parte 2

A primeira parte do comentário desse tema se esforçou, condensadamente, haja vista ao limite espacial, em mostrar a futilidade e fraqueza do aspecto de se sacralizar algo, por força do espírito religioso, e dogmático, que cerca e faz parte (within) da identidade supostamente cristã das comunidades evangélicas, principalmente, em se tratando de um contexto brasileiro, sem se considerar o resto, o que fica do lado de fora, o marginalizado, e nem os próprios textos constituintes do livro sagrado, para elas, que é a Bíblia. Foi desvelado, ou tentado desvelar as configurações históricas, lá de trás, ou nem tanto assim, e os motivos desse dualismo quase que gnóstico, ou gnóstico, existente nas comunidades. O do não e sim; pode e não pode; pecado e santo; puro e impuro; sagrado e profano; cristão e não cristão, etc. Penso ter sido necessária essa tentativa extremamente modesta de desvelamento, considerando o perigo do assassínio da arte, cultura, capacidade humana, amor, raciocínio, beleza, criatividade, que esse pensamento insano tem causado, o de não se atribuir validade, ou de causar tolhimento ao acesso do tido anticristão, que são as músicas do "mundo". Nunca vi uma palavra tão mal interpretada, em português, ou grego neotestamentário, quanto essa, cosmos, que quer dizer mundo, universo, sistema malignado. Há cinquenta anos atrás, por exemplo, em um contexto protestante-pentecostal-clássico, essa palavra era usada na descrição de objetos, religiosamente proibidos, como televisão, rádio, cinema, filme, praia. Há vinte, ou menos, essa palavra era muito usada na descrição de objetos como, calça feminina, brincos, jóias gerais, maquiagem, em muitos casos, futebol, esporte, atividade física, bermuda, tatuagem, etc, etc, etc (assunto para outro tema: Usos e Costumes, que "porcarias" são essas?). Coisas que eram interpretadas, ou ainda são, através do uso da palavra cosmos, mas no sentido daquilo que "não é cristão", "puro", ou dogmático, aceitável dentro do comum-comunitário, ambiente litúrgico, intraeclesiástico. À música, foi adjungido esse termo, como adjetivo de qualidade, ou seja, música do "mundo", um tipo, entre outros, principalmente, entre o "santo", que são as da igreja. Muito esdrúxulo! Mal sabem muitos pentecostais que muitos dos seus hinos, do hinário "sagrado", cantado teimadamente em toda reunião, que "é" a Harpa Cristã, ou Cantor Cristão, em certas denominações, são compostos com melodias de musicatas da Idade Média, ou dos séculos subsequentes, 16 ao 19, cujos ouvidos recebedores dos seus soares eram de frequentadores de cabarés. Por causa disso, não os condeno, fazendo juízo de valor, só porque os ritmos foram copiados desse tipo de música anteriormente referido, tendo em vista o argumento de defesa, aqui proposto, às músicas extraeclesiásticas, "extrasistêmicas". No entanto, quero salientar que se a mesma matiz fosse mantida, muitas coisas também deveriam ser consideradas como "mundanas", nesse sentido esquisito, por toda a comunidade pentecostal. Nem vou destacar aqui todas as cópias da igreja Romana, que a igreja protestante sempre fez, e que as pessoas nem se atêm, como estrutura do templo (em aspectos gerais), roupas do clero, diferentes do laicato, eucaristia, hinos, orações, púlpitos, etc; a maioria, cópia. Historicamente, essa discrepância de consideração entre músicas se originou dos missionários protestantes-tradicionais-dogmáticos, quase que puritanos (ou não, pois grande parte dos puritanos estadunidenses plantava tabaco, e consequentemente poderiam ser fumantes), vindos de outros países. Chegavam aqui e viam a igreja católica, com suas práticas, e diziam: faremos diferente! Ou seja, se eles bebem, não beberemos; se eles fumam, não fumaremos, se eles usam cruzes nos templos ou no corpo (pingentes ou colares), não usaremos,  se eles escutam qualquer música, só escutaremos as nossas, se eles falam palavras chulas, nós não, se eles vão à praia, não iremos, etc, etc, etc. Porém, a maioria desse estabelecimento de normas nunca passou por análise Bíblica, somente religiosa, sistêmica, dogmática, eclesiástica. Por isso, até hoje, por muitos, escutar música, que não seja da igreja evangélica, é pecado, profano, e totalmente inaceitável. No entanto, se for cobrada uma lógica, para tal argumento ser interpretado como certo, dificilmente haveria. Qual o sentido, lógica, argumento, para se dizer que não se pode ouvir uma música de amor, de história, da vida, de animal, de paz, ideológica, sei lá, qual que seja? Não entra em meu cérebro, raciocínio, mente, esse papo furado. Quando se questiona, normalmente se diz: é que não edifica. Pergunto, edificar o quê? Aí, dizem os mais antigos: a vida espiritual. Replico, que vida espiritual é essa? E a discussão continua (deixe para outro post). O que quero dizer é que não existe tal explicação lógica para se proibir, e se fossem falar que há na Bíblia, aí a conversa ficaria ainda melhor, pois seriam vomitados milhares de textos que são interpretados erradamente, e eu teria o trabalho de fazer uma exegese qualquer, e assim, chegar ao final da argumentação, provando o contrário. Mas, acho desnecessária essa abordagem científica para tal fim, pois, acho que a principal causa dessa "demonização" é a falta de uma mente encharcada de amor, e cheia de sentimentos bons, olhar da alma. Pois, qualquer um que as tenha sabe que ouvir Marisa Monte cantando "A sua", só pode ser divino, e Bob Marley cantando "Is This Love", "One Love", "Three Little Birds", sagrado. Ou outro cantor qualquer que, por sua inteligência, conseguiu criar, dar forma, vida e alma, as suas mais diversas letras, músicas, e, juntamente com a melodia, harmonizou-as, tornando-as quase que eternas, para cada momento específico da vida, e para cada tipo de situação. Tomara que nessas simples postagens, alguns assassinos da arte possam mudar de mente, ou, pelo menos, serem provocados.


André Francisco

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