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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

7 bons motivos pelos quais não vou mais à igreja!

Tenho encontrado com diversas pessoas e amigos, pessoas que me conheceram há tempos, que conviveram comigo na época pré-seminário e me tinham como  futuro pastor ou algo do tipo e elas me perguntam como "vai na igreja", e já percebem que estou pra lá de Bagdá, pelo meu novo "visû" com direito a tatuagens e tudo mais. Geralmente, respondo: "estou de férias" e tenho que lhe dar com aqueles olhares desconfiados, com um misto de tristeza e indignação, que provavelmente são decorrentes do pensamento que minha alma antes salva e remida agora se encontra veementemente em direção ao inferno. Pois bem, "estar de férias" foi a resposta mais curta, bem humorada e evasiva que encontrei para tirar o foco de uma possível conversa embaraçosa sobre o porquê não vou mais à igreja. A despeito disso, decidi pontuar alguns motivos que me fizeram desistir da caminha eclesiástica; e não senhores, não foi porque a carne é fraca ou o inimigo é poderoso, são motivos mais interessantes e menos banais do que esses, vejamos:


1. Toda instituição tem direitos e deveres, e você, como membro de tal instituição (a sua denominação), precisa estar de acordo com isso. Comecei a perceber que alguns deveres doutrinários eclesiásticos eram anti-bíblicos e faziam parte de uma teologia que era caótica, opressora e ultrapassada (qualquer estudante sério de um curso teológico competente, sabe do que estou falando ), que realmente oprimiam meu espírito, não havendo compensação nem pelos direitos inclusos. Não pode isso, não pode aquilo, não faça isso, não faça aquilo, porquê? porque Deus não se agrada. E aonde está isso? Na bíblia oras! Tá nada.

2. Não havia espaço para formadores de opinião, somente lobotomizados. A história é a mesma do sistema católico. Lá o Papa e Roma falam e o resto obedece, na igreja o Pastor presidente e seus comissionados falam, as ovelhas não questionam, a despeito do tal título de "protestantes" e todo o discurso libertador de Lutero. Primeiro não questionam porque falta "informação" para que os mesmos discursos manipuladores se proliferem. Segundo, porque questionar lhes deixa com a marca de rebelde e revolucionário, nome moderno para "herege"; e a maioria das pessoas não querem serem taxadas assim, querem apenas viver vidas felizes, ter bons relacionamentos e ir à melhor pizzaria da cidade no final de semana.

3. Na maior parte dos casos, a doutrina é mais valiosa do que a pessoa humana. É sempre mais Paulo, do que Jesus. Você só possui valor se andar de acordo com o a,b,c,d  da cartilha doutrinária, caso o contrário, seu nome é bode e você estará condenado a viver nas margens dos grupos comprometidos com a causa, ou simplesmente um fantasma que só tem o direito de sentar no banco e assistir aos cultos de domingo, onde o pastor sempre fala sobre amor, perdão, justiça e inferno no final (na maioria das vezes discurso vazio, sem ação ou prática). Se você for um homossexual, é bem provável que nem tenha amigos.

4. Esse molde de instituição eclesiástica européia-norte americano instalado no Brasil nada tem a ver com a definição de igreja que "possivelmente" Jesus Cristo propagou. Muitos gostam, é verdade, o mundo de hoje é institucionalizado, outra verdade, mas se compararmos Igreja Moderna (instituição eclesiásticas ou denominações) com Igreja Conceito (Corpo de Cristo), ficaríamos horrorizados com as atrocidades que muitos lideres cometem em nome de Deus.

5. A velha guerra contra a velha senhora teologia. Pensar é proibido, afinal, se pensa, questiona-se, se questiona, coloca-se em cheque a validade da doutrina ou dogma, portanto, nada de pensar. Teologia é coisa do diabo, porque "esfria". A única teologia que presta é a confessional, aquela que defende todos os nossos catequismos denominacionais. Isso não é fazer teologia, é aulinha de EBD, maternal para crianças, é o começo de tudo. Estudar a bíblia seriamente e encará-la como um livro histórico, montado, com processos de formação que envolvem sistemas de pensamentos, influências culturais, imersão em sociedades antigas, fatos arqueológicos, vícios de linguagem, linguagem propriamente dita, avaliações hermenêuticas e exegéticas; e não somente estudar a bíblia, estudar a religião como fenômeno, suas origens e causas, o ser humano em si, sua natureza, sua vida em sociedade e todos as ciências que envolvem Homem e Religião; ou seja, é desnudar-se, estar pronto para desconstruir conceitos formados no senso comum e construir novos conceitos baseados na maturidade intelectual e espiritual de um estudo sério sobre sua própria crença. Diz respeito a conhecer a si próprio ou a sua própria verdade, entender-se como ser religioso. Se no final de toda essa caminhada ainda permaneceres com sua fé, entenderás o sentido existencial da religião, e que crer em algo (no caso no cristianismo) é uma escolha pessoal e ultrapassa os limites da razão, não abrindo mão dela ao mesmo tempo. Portanto, "diabo", nesse caso, é a preguiça do imediatismo religioso para não percorrer o árduo caminho da cansada velha senhora teologia.

6. A igreja nunca foi e nunca será a unica fonte de espiritualidade existente e nem a melhor de todas elas, isso é apenas retórica de marketing de sermão de pastor do culto de domingo. Ela pode ser uma boa fonte sim, dependendo da liderança comprometida com as pessoas e com um discurso de fato cristão. Falo isso porque uma vez me questionaram, como andava a minha vida espiritual, respondi sinceramente "vai muito bem", a pessoa não satisfeita perguntou novamente, "mas você tem ido à igreja?", respondi "não, mas amo minha família, meus amigos, passo meu melhor tempo com eles e ainda escuto rock de boa qualidade", nem preciso dizer que tive de ouvir um sermão tenso da necessidade de ir à igreja por dezenas de motivos. A grande verdade é que eu, Rodrigo Mascarenhas, me sinto feliz, preenchido espiritualmente e com um propósito estabelecido de vida, sem precisar ir ao templo. Aterrorizado?! Não deveria. Ao contrário do que falaram pra você, não é necessário ir à igreja para ser feliz ou ter paz, ser salvo, ou algo do tipo; ou talvez devesse considerar que 2/3 da humanidade ou mais não vão a igreja e nem por isso vivem em miséria espiritual porquê não receberam o afago dos irmãos ou ouviram o sermão abençoado do pregador ungido. Não pretendo ser cruel e não ridicularizo sua fé com isso. Se considera a igreja como uma boa fonte de espiritualidade para você, se isso lhe satisfaz, lhe traz felicidade, propósito de vida, sentido existencial, siga o seu caminho, mas não olhe para mim com olhar de "pena", pensando, pobre rapaz, tão infeliz longe dos caminhos do Senhor. O mundo não gira entorno da sua verdade.

7. Interpretação fundamentalista da bíblia sagrada. Como diria o reverendo Joaquim Beato, " Sua leitura (protestante) é feita a partir de esquemas externos, como o dispensacionalismo, ou de uma tipologia que transforma o Antigo Testamento em Novo Testamento, dependendo somente da capacidade imaginativa do intérprete; ou ainda na busca de textos bíblicos isolados, com o intuito apologético de fundamentar suas doutrinas peculiares e combater as doutrinas alheias diferentes", portanto desonesta. O que nos leva a outro caso, a apropriação do cristianismo como verdade absoluta. A partir disso, todos as outras formas e expressões de religiosidade ou religiões estão erradas e incompletas, portanto direcionadas ao inferno. Não há como fugir, se você pensa dessa forma, provavelmente 2/3 da humanidade caminham em direção as chamas satânicas de Lúcifer, e se você consegue dormir a noite com tal convicção e informação, ou no fundo você não liga muito pra isso ou é um tipo de sociopata ideológico.


Portanto, caro amigo, essas são algumas de minhas razões ou as principais delas para eu não frequentar mais a igreja. Não escrevi esse texto para que você se tome a mesma decisão que tomei, na verdade estava cansado de ser banalizado pela minha escolha; e se tomar que seja por contra própria, ciente das consequências do seus atos, mas se nenhum tipo de culpa, afinal você não precisa do templo para ser "salvo", se é isso que lhe prende a sua denominação. Você tem a liberdade também para procurar outra denominação; e acredite algumas são melhores do que outras, mais honestas, mais afetuosas, mais saudáveis dentro daquilo que pontuamos no texto, basta saber discernir, ou se preferir ainda, pode sofrer as duras chibatadas da incompreensão e tentar uma mudança no seu meio, esse é pior de todos os caminhos, mas se conseguir, será o maior dos êxitos. Quanto a mim, fico aqui, totalmente aberto para um convite em sua igreja ao domingo, mas já adianto logo que não aceitarei ao apelo do pastor para ir a frente após ao sermão, e logo após o culto iremos para um bar comer deliciosos quitutes, tomar um geladíssimo chopp e teologar ao som de um bom MPB, bela programação eim?!



Rodrigo de Barros Mascarenhas



3 comentários:

  1. Menino; mas com uma cultura e lucidez invejável!!!!!!
    Parabéns, continue assim.

    Se algum dia resolver criar uma igreja serei seu primeiro fiel; se ainda eu estiver vivo. Sds.

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  2. Isso é um blog? Ainda está ativo? Gostaria de saber quais as tuas redes sociais pra poder entar em contato contigo. Acho que tu disse tudo o que eu e meu esposo estamos sentindo há alguns anos já,volta e meia esse assunto surge, como se não estivesse bem resolvido dentro de nós, e ficamos horas repassando nosso passado dentro da igreja...Gostaria de te acompanhar em outros locais de repente.

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  3. Olá, Camila. Obrigado por nos acompanhar. O blog está novamente ativo. Postaremos mais conteúdo semanalmente. Esperamos compartilhar artigos que possam servir para todos os fins e contribuir para a construção de uma mentalidade teológica, religiosa e filosófica nutrida de informações coerentes e orientadoras. Caso queira entrar em contato conosco, temos perfil individual no Facebook. Vou te passar os endereços para continuarmos a contatar e crescermos juntos no conhecimento e na reflexão crítica/construtiva dos principais temas aqui destacados. Até breve!

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