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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Do pós-religioso, forte e amante de si



Parte de um texto meu sobre o pós-religioso, forte e amante de si.


 "A pessoa deve se sentir, na experiência pós-religiosa, forte e amada por si mesma. Deixe-me explicar o porquê. Forte, pois conseguiu dar mais vazão a sua consciência não insana do que à pobre especulação metafísica contraditória que tinha da vida, da realidade, do ser ou não ser, do dia a dia, do mundo, das pessoas, da sua família. O pré-julgamento religiosamente necessário para a sustentabilidade da hipotética ética dos credos, fator essencial para os pré-juízos, dos quais derivam consequentemente prejuízos até mesmo para sua saúde, foi coberto com terra. Essa aniquilação, esse peamento da capacidade patológica de se importar em julgar bem ou mal em todas coisas, removeu as farpas dos seus dedos, que sempre quis, ainda que não consciente e aceitavelmente, tocar a matéria da vida, mas que, ao fazê-lo, acidentalmente ou não, sempre lhe doía, era-lhe cobrada. O dogma era a farpa, os dedos era a vontade instintiva do ser que deseja tocar, que ansiava conhecer, descobrir, ampliar seus conceitos, e a dor era a tentativa ainda não corajosamente realizada de se libertar desse vício do compromisso com o templo. A matéria não pudia ser vista, era desejada apenas pelo fôlego altamente comprometido e enfraquecido que ainda havia no ser do não libertado (ainda bem que havia). Olhava-a com os olhos, aspirava-a com essa chama quase apagada da instintividade animalesca, mas os ouvidos recebiam abruptamente as prédicas semanais e logo suplantavam os propósitos não conscientes. Quando a pessoa rompeu, essa chama superou os escombros do dogma. As mãos levantaram a terra do túmulo, tiraram a areia da cabeça. Desse modo ela viu o cemitério ali mesmo, e a vontade que lhe nasceu naquele momento sombrio foi a de correr e buscar a porta daquele lugar friorento sepulcralmente. Por isso que considero essa atitude forte. Não é tranquila, há gasto de energia. E gastar energia necessariamente implica reposição. Mas existem vários métodos para essa reposição satisfazer o indivíduo. O ultrapassamento ou, preferivelmente, rebuscamento intelectual daquela chama fraca causadora da inicialidade do rompimento com a religião é cabível. Naturalmente virá, penso. A pessoa não consegue permanecer oca, como tábula rasamente mantida todo esse tempo, via manipulação e obstaculamento espiritualista. Ela quer ganhar tempo agora, quer fazer valer a pena o que lhe foi roubado anteriormente. Há caminhos fáceis e moralmente acordados na sociedade em que vive para tal fim (se, no caso, a moral for questão de interesse. Não necessariamente deve haver esse tratamento). O sentimento do amor pessoal pode ajudar nesse direcionamento da nova cosmovisão. Amar a si mesma. Esse sentimento sublime estava adjungido àquela chama, lembra-se dela? Pois bem, a corrosão não é benquista por seres humanos, tanto para seus utensílios particulares como, principalmente, para seu corpo, sua mente. Quando a corrosão acontece de maneira acentuada, dificilmente o indivíduo consegue achar em sua cabeça qualquer ideia possível que permita criar uma ponte para sair desse submundo. A ponte racional, feita por palavras ordenadamente agrupadas no intelecto, precisa de pelo menos alguma mão de obra para ser construída. No caso da falta de qualquer ideia, o amor a si, destaco de novo - consciente ou não - serve como matéria-prima. Um carvão necessário na lareira do instinto de liberdade. Por isso disse que a pessoa pós-religiosa deve se sentir amante de si mesma, pois o foi antes e depois do processo de transformação. Antes, consciente ou não como a matéria que faltava para inflamar ainda mais os braços e remover a tampa da tumba. Depois, por permitir que crescesse, que tomasse todo seu corpo e mente, o amor pessoal, amor à vida subsequentemente, a tudo que não fazia sem pensar no eco do púlpito". 

André Francisco

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