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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Oportunista - os caminhos da redenção de Hilary Fletcher


Sinopse - O Oportunista - Piers Paul Read

Ao pecado sobrepõe-se o perdão. O crime leva ao castigo. Egoísmo e perversidade chocam-se com o verdadeiro ser humano e toda sua generosidade. O maniqueísmo do autor serve de ponto de partida para diversos temas de sua obra, mas a idéia principal mantém-se única: a trajetória do homem comum ao situar-se entre o bem e o mal. Neste livro retorna à sua temática preferida: o romântico herói que, após trilhar os descaminhos do crime e da desonra, recebe sua punição, convertendo-se ao bem supremo.



1. Não li muitos romances, alguns, mas esse foi de longe o melhor de todos eles, comprei em um velho sebo, o velho livro e o deixei largado por muito tempo, mas o li, por acaso.

2. O livro conta a história de Hilary, moço pobre, filho de pastor, mas que possuía uma ligação com uma família da alta nobreza inglesa aristocrática, e que por essa ligação frequentava os meios da alta sociedade, mas era constantemente humilhado pelos granfinos e as belas ladies devido as suas origens pobres. O garoto, então motivado pelo ódio e pelo rancor, torna-se um ladrão de ricos, um vigarista, e sua principal ambição era destruir de todas as formas aqueles que o humilharam, a família rica e a alta sociedade.



3. Senti arrepios, chorei, refleti, meu peito se enchia de fortes emoções, Piers Paul sabia como mexer com o coração e a imaginação do leitor de sua época, escreveu para ela, apesar de usar um cenário antigo. Hilary, seu personagem principal, era um homem que tinha cometido diversos crimes,  hediondos; soube aproveitar de sua amoralidade para atingir seus propósitos, tornara-se rico, atingiu todas as suas ambições de vingança, mas perdeu a paz, era um homem condenado ao inferno de sua própria existência, tinha tudo, mas não tinha nada, pois fora traído pelo peso de sua próprio consciência.



4. A história de Hilary tem um desfecho um tanto que interessante, ele, um ateu sentimental (não acreditava em Deus, pois seu pai, pastor, não havia lhe dado motivos suficientes para isso), encontra Deus em uma prisão, através de um ladrão católico e se arrepende de todos os seus crimes e alcança o perdão, alcançando a redenção e mudando drasticamente suas atitudes, passando a ser um Zaqueu, devolvendo tudo aquilo que havia roubado e alcançando paz através da religião que influenciara seus novos atos.


5. Acredito na transformação do homem pela crença religiosa, creio que a fé e a mensagem substancial inerente ao seu discurso transpõem os desfechos do dogma e das doutrinas, representando uma condição humana, a de pecador. O homem é mal por natureza, no caso de Hilary, alcançou o bem pela religião, pela fé em Deus e no seu perdão. Não haveria condições de transformação ou redenção para um homem como Hilary sem uma intervenção divina ou o conceito de graça bíblico, não caminhando pela observação de que seja isso verdade ou não, mas são crenças e crenças possuem um valor psicopedagógico, espiritual e holístico muito grande, crenças são ingredientes humano, crenças movem o mundo.


6. Nesse sentido, penso que a crença de Hilary o transformou em um homem redimido, arrependido, disposto a mudar, e que mudou de fato. A partir daí o mundo respirava melhor; talvez seja por isso que detesto ateus fundamentalistas, eles querem negar às pessoas o direito de terem crenças, fé e ficam felizes se elas imergirem no vazio da descrença, da impossibilidade de pensar além de nossa realidade ou de olhar para cima e usar a imaginação para contemplar talvez uma realidade superior que possa existir ou não. O mundo não se baseia em certezas, por isso ateus fundamentalistas e crentes fundamentalistas são desonestos intelectualmente, pois fazem de suas conjecturas e de seus fatos improváveis as explicações corretas e supremas da realidade; mas o fato de a certeza não existir não anula a possibilidade de que o que acreditamos ou não acreditamos exista ou deixe de existir.



7. Hilary, um homem que foi mudado pela crença em Deus, como tudo isso se passou, não poderia contar aqui, então,  leia o livro. Tenho certeza que serão boas horas investidas. Recomendo, não dê muito crédito a esse pequeno texto que acabou de ler, não posso provar nada do que disse aqui, pois tudo isso que falei se baseia em um livro fictício (que não deixa de ser um retrato da realidade)  e alguns argumentos usados são bem simplistas, mas não posso deixar de imprimir minhas conclusões de um homem que pensa entre o bem e o mal, o certo e o errado, a crença e a descrença, o pecado e a redenção, e o amor e o ódio; o livro trata disso e creio que a realidade de uma certa forma seja lida dessa maneira, nesses antagonismos históricos que moldam nossos destinos e nos fazem pensar em nossa condição existencial antes de colocarmos a cabeça no travesseiro.



8. Pelo menos aqueles que pensam, como Hilary Fletcher, deitado em uma cela fedida, remoendo sua miséria espiritual.





Rodrigo Mascarenhas

3 comentários:

  1. paragrafo 3º, "(...)ao inferno de sua própria existência". Daria um bom tema pra um outro artigo Rodrigão.

    engraçado que hoje mesmo estava pensando em Tim Michim falando a sua filha: Filha não coloque isto na boca, ela serve para alimentos e mais tarde para pênis. Sua mulher entra em cena e diz: não diga isso a menina Tim, vai que ela vire lésbica e goste de vagina.
    Ri, não, não; ri muito, achei ilária a piada. Mas veio a mente Dostoyevsky: Se deus não existe, tudo é permitido.
    daí é um passo pra pensar em tudo que nós já realizamos (holocausto, ditaduras etc) fiquei pensando, e como será sem a tutela moral divinizada?
    Sem querer hoje, concordei com vc sem ao menos ver seu post "ateus fundamentalistas e crentes fundamentalistas são desonestos intelectualmente"

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  2. Grande Maicon! Acredito que quanto a idéia da filha do Tim ser lésbica seria maravilhosa (exceto para os jovens cheios de testosterona que adorariam por um pênis em sua boca), falo isso porque se um dia eu for pai de uma menina, ficaria feliz se ela se tornasse lésbica. Creio que para ser falar de inferno e existência, Sartre seria o cara ideal, quem sabe um dia postamos algo aqui sobre isso?! Man, eu o André, produzimos nesse blog várias críticas a respeito do movimento evangélico e religioso moderno (mais ele do que eu, confesso) e o André com o seu fascínio pelos idiomas bíblicos tem enriquecido o blog com diversas notas exegéticas, desconstruindo as interpretações bíblicas cabulosas da teologia pastoral e popular, inclusive de alguns seminário que nós, ops, muitos estudaram; contudo isso não significa que vejamos a religião (pelo menos eu) como algo ruim em si mesma, acho que apesar de toda a deturpação existente, o pensamento religioso, a produção de fé, o kerigma, os arquétipos e significados dos mitos aplicado á realidade existencial podem realmente transformar a vida do ser humano. Entenda bem, a discussão aqui não sei isso é verdade ou não, se aconteceu ou não aconteceu de fato, mas o poder que algumas dessas crenças exercem sobre a vida das pessoas e a sociedade, negativamente e positivamente (o resultado fica a critério do tipo de teologia que se é produzido). No caso de muitas pessoas, percebe - se que a mensagem religiosa contribui para a recuperação da dignidade, esperança, fé, amor, senso de culpa ( o famoso toque na consciência), justiça, sonhos, etc; para outras nem tanto, o que não significa também que esses atributos possam vir somente através da religião institucionalizada ou da religião cristã, da qual discutimos. Nosso objetivo no fim disso tudo não é a critica, pela crítica, mas sim o desejo que temos em que possamos superar esse movimento e esse momento de estupidez teológica em que vivemos no Brasil, queremos amadurecimento, queremos ser tratados como respeito intelectual pelos líderes de igrejas, que pensam que somos abutres em seus templos prontos para comer qualquer tipo de carniça que ele nos sirva ao troco de 10 por cento no final do mês, queremos que as informações não sejam omitidas ao povo dito de deus para que eles ainda possam ter fé no final do dia, ou seja, talvez devemos pensar em uma reforma que nos dê a condição de sermos tratados como cristãos adultos, como os discípulos de bonhoeffer eram tratados na Europa, contudo acho difícil que ocorra uma mudança e o máximo que podemos fazer por enquanto estamos fazendo, escrevendo textos em um blog que talvez poucos leiam, na esperança de que esse movimento, o movimento dos malucos beleza (controlando a nossa maluquez, misturada com a nossa lucidez), cresça.

    Um Abraço,
    RM

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  3. Bom meu amigo, tenho usado cada palavra escrita aqui neste blog em cada conversa que surge a oportunidade de falar. E por incrível que pareça, não sou tachado de chato ou libertino, muitos amigos e colegas de trabalho ouvem e concordam com muita coisa. Creio que o primeiro passo já fora dado.
    Este blog tem me ajudado como base pra muita argumentação em proseadas por aí kkkk

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