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sábado, 15 de setembro de 2012

A leitura alegórica da Bíblia Hebraica é um satã poderoso



1. A leitura alegórica da Bíblia Hebraica é um satã poderoso.

2. Pessoas leem o texto Hebraico e, normalmente, sem nenhum tipo de desconfiança e questionamento, pensam que a leitura que fazem é correta, exegeticamente própria, partindo de duas pressuposições: 1) da doutrina que possuem, recebida da tradição religiosa e catequética, normalmente de/em uma comunidade; 2) Da experiência existencial, aquela voz intra-mental que lhes conduz, norteando a interpretação do texto, valiando-a ou não, aplicando-a ou não (a "voz de deus", inconscientemente a doutrina recebida anteriormente).

3. As duas pressuposições são problemáticas, considerando que são apenas subjetivas, acríticas, sem fundamentação, ao menos, textual, que seria, no caso, o ponto culminante para qualquer validação. 

4. Primeiro, a doutrina passada, de geração em geração, pelas comunidades evangélicas, em sua esmagadora maioria, é incoerente e infundamentada. Por destacados seguintes motivos: quando foi originada, foi de maneira não pensada, não reflexiva, não exegética. Ou seja, não  houve análise que tentasse provar se, de fato, estava coerentemente relacionada aos textos que conscientemente se usavam. Uma rede de doutrina que "parece" ter base Bíblica, mas que se fosse lançada à mesa, para ser lida, e provada, não passaria no exame, com certeza.

5. Segundo, a experiência existencial é subjetiva, conforme o termo já indica, própria, de cada indivíduo, pessoal, ou seja, não pode ser um fator de validação da leitura de um texto,- validação no sentido de se atribuir interpretação correta àquilo, e aplicá-la no contexto real do ente leitor. Não se pode dizer que um texto, factualmente, possui aquela interpretação, apenas porque, quando lido, produz um sentimento de paz e tranquilidade, naquele que o lê. Pois existem pessoas que não sentem o mesmo, quer dizer, essa voz "intra-mental", que teoricamente é de deus, não serve para todos.

6. Por exemplo, a doutrina do dispensacionalismo de John Nelson Darby. Em uma reunião de oração e adoração, onde o misticismo da anti-catolicidade e da "contra-frieza protestante" era notório, uma mulher começa, possessa pelo espírito santo, a proferir palavras e interpretações escatológicas, da Bíblia Hebraica e cristã, e Darby, estando a par da situação, utilizou o material vomitado e lançou as bases de um sistema que, além de programado, foi desonestamente "fundamentado" na leitura que fez depois da reunião. 

7. Hoje em dia, dizer para 90% da população evangélica brasileira que sua doutrina escatológica do "fantástico arrebatamento" não passa de uma mera criação de Darby e de Scofield, e que foi mais tarde expandida pela divulgação do material dos "Deixados para trás", é deixar muita gente de cabelo em pé. Mas proponho comunicar, sabendo, de antemão, que os crentes permanecerão acreditando que o Cristo, um dia, virá para buscá-los, a fim de morarem eternamente com ele extraterrestremente. 

8. É por isso que a leitura alegórica da Bíblia Hebraica é um satã poderoso, porque mesmo existindo uma reinterpretação exegética, e havendo escancaramento na demonstração de que essas doutrinas não passam de conto de fadas, sem sequer base teórico-teológica, infundadas exegeticamente, não há mudança alguma, nos receptores do conhecimento. O que continua prevalecendo são os dois pressupostos supracitados, nas mentes e corações de milhares de indivíduos alienados dos métodos hermenêuticos honestos. 

9. Isso, em se tratando, somente, da questão do arrebatamento, como exemplifiquei condensadamente. Queria ver se fossem salientadas as que se referem à demonização de Satã, criação e pecado, Gênesis e a influência mitológica, e outras mais. Penso que não sobraria alegoria que seria capaz de segurar essas doutrinas existindo, não mesmo. 

10. Finalizando, considero esse tipo de leitura um satã, um obstaculizador, um adversário, que se opõe, sempre, entre o leitor e o texto, fazendo-o raciocinar aquilo que lê, de acordo com uma pressuposição irreal e desonesta. É um peador, que cativa a mente dos indivíduos, e os deixa sem reação própria, sem força de se livrarem e mudarem. Igual ao caso de Balaão, em que o anjo de Yaveh se colocou, conforme o texto hebraico, como um shatan no seu caminho.

André Francisco

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