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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Identidade Religiosa: Do estabelecimento simples ao complexo


            A identidade religiosa de um povo, em todas as épocas, normalmente passadas (foco de análise), criava-se a partir de diálogos, cotejamento de ideias, e compartilhamento de experiências. Isso, quase sempre, ou sempre, em se tratando do convívio paralelo entre culturas, sociedades, vizinhanças, com tudo que lhes eram peculiares. Toda essa dinâmica produzia, gerava, despertava “em”, características criativas, construtivistas, que acabavam marginalizando, naturalmente, depois de um tempo, os unidos familiar ou eticamente, dentro de uma só tendência de se pensar o divino, o sagrado. Isto é, em termos modernos, da globalização, ao redutivo comunista, ideológico. O primeiro para se gerar a matiz, o segundo, para consolidá-la e protegê-la de “corrupção e adulteração, tidas más influências”. Isso aconteceu com os Gregos, Romanos, Persas, e por que não, com Israel? Observando certas minúcias, alusões, com um pressuposto, quase sempre hipotético, principalmente a partir de uma abordagem direta à Bíblia Hebraica, ou, conjunto de livros canonicamente separados para a formação da primun legem religiosa judaica, percebe-se a existência de um desenvolvimento diretivo do pensar sobre a divindade o qual, ao longo do tempo, vai-se tomando forma, e assumindo personalidade, corpo, e fôlego próprio. Esse apropriar-se de pele e rosto, de vida e força de sobrevivência independente (quase impossível), que a identidade religiosa de Israel, o pensar sobre o “totalmente outro”, adquiriu, por muitos, é considerado como recebimento revelacional, diretamente enviado, do alto, a baixo, de cima, para dentro de seus porta-vozes, escritores, heróis, ou profetas. Identicamente ao sopro criador edênico (Gn 2.7), que foi exteriorizado e embutido, por Yaveh Elohim, a fim de vitalizar ao, até então, boneco de barro que, posteriormente, foi substantivado nominalmente אָדָ֗ם. Mas, honestamente, se é que seria o melhor advérbio de modo a se usar, as coisas não aconteceram tão simples assim, como uma mente, que louva e valoriza mais ao fideísmo do que o criticismo, consegue anuir. Ressaltando-se o fato de que a identidade religiosa de Israel passou de ampla, dialogal, que se utilizava de outros vieses próximos, para pequena, fechada dentro de um espaço familiar, nacional, têm-se novas maneiras, hermenêuticas, pressupostos, para se observar conceitos sobre Deus, expressados na Bíblia Hebraica. Desse modo, como exemplo, El Elyon (Gn 14.18) já pode não ser visto como o único Yaveh pós-exílico, P, (Dt 6.4), mas como a grande e única deity de Canaã. Tão lembrada que possui destaque dentro do panteão extraterreno principal (Sl 29; 89.6). Essa deity, que só perdeu prestígio quando o monoteísmo foi, de fato, oficializado pelo estado, mas que foi louvada e incluída “henoteisticamente” pelos hebreus nos seus registros e alvos de culto, nos embriões de sua existência, foi deixada de lado, paulatinamente; e, a partir da “hail! Yaveh somente”, se adorada, promotora de maldição (Ex 20.2; Dt 5.6). O plural já passa de simples majestático (Gn 1.1), para uma percepção mais politeísta de se ver a realidade dos deuses (Gn 1.26-27; 2.4), refletida no incipiente texto referido. Dificultosas definições de identidade para a época da escrita, ainda, facilmente percebidas. Enfim, o desenvolvimento de uma identidade religiosa não parte simplesmente de algo transcendentalmente comunicado, bem cuidado, com toda simetria possível. No entanto, de uma tempestuosa e turbulenta conversa, recebimento e dação, de experiência e palpites sobre o não palpável. Até que, de fato, se nota a oficialização tardia da referida verdade sobre a realidade supra-humana dos deuses, e, mais especificadamente, da religião, em aspectos gerais. 
André Francisco

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