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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Euro, etno, também outros centrismos, e o evangelicalismo brasileiro e sua característica.



1. Li recentemente, fazendo uma leitura de tira gosto, um artigo da professora de antropologia da Universidade Federal da Bahia, Urpi Montoya Uriarte, sobre o "Euro, etno e outros centrismos". Achei-o próprio e provocativo, da maneira que admiro artigos. 

2. Não sei se houve intenção na coisa, mas foi publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, de responsabilidade do Ministério da Educação, Ano 8, número 87, de dezembro de 2012, conjunto à matéria de capa sobre os "Evangélicos: a fé que seduz o Brasil". A matéria que trata do tema dos evangélicas foi posta anteriormente a outra que me referi. Considerei surpreendente o fato de ler aquela, borbulhando meus neurônios críticos e confirmativos simultaneamente, e depois ter um prato de sobremesa posto na minha frente, com esta. 

3. Olhe como foi a cena. No momento em que terminei a leitura inicial, continuei a folhear a revista, e deparei-me com esse "achado" magnífico, corroborador, conclusivo, do aspecto antropológico histórico-social dos centrismos que já ocorreram na história. Pronto! Pensei, vou fechar o artigo sobre o evangelicalismo mundial com chave de ouro, ao ler uma outra publicação, na mesma revista, sobre os crimes que são cometidos em favor da radicalidade de leitura cosmovisionária centrística. 

4. Uma comparação boba, só pra entendermos melhor o que senti. Sabe quando um crente simples lê um texto Bíblico e o aplica a sua realidade, ainda que não tenha nenhum sentido original concreto e hermeneuticamente aceitável no texto para essa aplicação? Pois então, foi quase a mesma coisa. Apliquei o último texto ao primeiro e pareceu-me dar certo. Mas foi coerente, historicamente coerente. Principalmente, a partir de uma aplicação de uma das frases da autora que dizia: "Alguns povos simplesmente menosprezam quem é diferente e dele quer se afastar. Outros, além de menosprezar, acham que têm o dever de transformá-lo, e chamam isso de "civilizar" ou "evangelizar". E há aqueles que vão ainda mais longe: menosprezam e não acreditam que seja possível transformar quem é diferente. Ele deve ser eliminado" (pg 79).

5. Bingo! Qualquer semelhança pode ser mera coincidência, ou não. 

6. Outra frase que me fez rir alto, pela aparência quase que idêntica ao cenário evangélico-religioso brasileiro atual: "Para o etnocentrismo (acrescentei, "para o evangelicalismo"), tudo o que é diferente se torna inferior, feio, ridículo, injusto, cruel, selvagem ou irracional. Ao julgar as distinções de forma negativa, o etnocentrismo passa a querer modificar os costumes ou crenças diferentes, em nome da superioridade dos seus próprios costumes ou crenças. Dito de outra forma: ser etnocêntrico é acreditar que só existe uma verdade (a nossa) e uma beleza (a nossa), assim como também só existem a nossa justiça e a nossa racionalidade" (pg 78). 

7. E como um profeta hodierno, Everardo Rocha, em seu livro "O que é etnocentrismo", robusta o argumento: "Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência". Ai, um tapa na cara de qualquer intolerante etnocêntrico religioso, em minha crítica. 

8. Por que entendi que o texto é necessário? Porque realmente retrata a realidade do Brasil, senão do cenário religioso mundial, em se tratando do crescimento das igrejas e do seu etnocentrismo inerente. Isso não é bom, nunca foi, historicamente. No mesmo artigo, a professora Uriarte destaca os males que os Europeus causaram às civilizações americanas  pré-invasão, justamente por causa de seu eurocentrismo. Violando a religiosidade, a cultura, os costumes, as diferenças desses povos considerados apenas "índios". Os extremos também me preocupam, quando chegam "santificados" e validados, fomentado massacres em favor de crenças únicas. 

9. Fiquei feliz por ter lido a revista, principalmente esses dois artigos. Apenas por saber que ainda existem pessoas que notam os males que essa radicalidade insana provocou e que poderá provocar, ou melhor, já tem provocado. 

André Francisco

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