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sexta-feira, 1 de março de 2013

O espírito "santo"(?) e os tradutores mentiram em 1 Reis 22



1. É, realmente, há muita carta fora do baralho, em se tratando de tradução da Bíblia Hebraica. Às vezes, chego a pensar que não há apenas algumas cartas, mas o baralho inteiro fora do lugar. Destacando aqui, principalmente, as traduções de Bíblias evangélicas, que são menos fieis aos textos originais em comparação às Católicas.

2. Em 1 Reis 22,20-22 encontramos o seguinte texto traduzido, ARCF:

"E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim". 

1 Reis 22:20-22



3. A história desse texto é esta. Yaveh está assentado em um trono, com sua corte celestial ao redor, 19. A corte celestial composta por deuses menores, os 'elohins, desde que Yaveh se tornou o deus principal do panteão judaico, ultrapassando a El, antigo deus cananeu, venerado por Abraão, por exemplo, como El Shadday (el' shadu, deus da estepe, da montanha). Essa corte é notada em vários Salmos diferentes, como 82, 89. 


4. Pois bem, Yaveh deseja receber uma sugestão de como enganaria o rei, dessa forma, indaga sobre quem poderia induzir Acabe a subir, com a ideia de vitória em mente, para cair em Ramote de Gileade. Depois que Yaveh se pronunciou,  os deuses menores, 'elohins, discutiram entre si, dizendo "uma coisa desta maneira e outro de outra". 

5. Lá no meio da corte estava ruah, o espírito profético personificado. Esse aí é o mesmo que sempre resolve alguma coisa para seu chefe Yaveh. Funciona como uma espécie de secretário do rei, terreno, tipificado no céu, alegoricamente, é claro. Para quem não se lembra, o ruah é o mesmo agente que está em Gênesis 1,2, a qual é também mal traduzido por "espírito santo" ou "do senhor". 

6. Então, como nenhum 'elohim se prontificou a alguma coisa, o ruah se aproximou e disse que enganaria Acabe, tornando-se um espírito de mentira na boca do profeta. 

7. O problema da tradução é o seguinte. Nas Bíblias evangélicas, querendo limpar a barra do "espírito santo" neotestamentário, no v,21, está escrito que "um espírito" se apresentou e se prontificou a ser um espírito de mentira. Repare novamente: 

"Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas". 

1 Reis 22:21-22

8. No entanto, na língua hebraica, a qual o texto foi originalmente escrito, aparece a expressão הָר֗וּחַ (haruah). Ou seja, "o espírito" e não "um espírito". O artigo definido הָ (ha) em hebraico, necessária, indubitável, inflexível, infalível, irremediavelmente, deve ser traduzido por um artigo definido em português, ou em qualquer língua, não por um artigo indefinido, "um, uma, uns, umas". 

9. Como diz o doutor Osvaldo Luis Ribeiro, especialista em hebraico Bíblico, e exegese histórico-social, "o tradutor traduz "um espírito". Está, obviamente, sob todos os critérios possíveis, errado. Se o hebraico não leva artigo, pode-se traduzir de qualquer jeito, eventualmente: ruah, sem artigo, pode ser, dependendo do contexto, tanto espírito, quanto um espírito, quanto o espírito. Mas, se tem artigo, e, ali, tem, então só pode significar "o espírito". Mas o tradutor acha que esse "ruah" é o Espírito Santo cristão - porque, sendo cristão, ele roubou para si a Bíblia Hebraica, que não é cristã e nada sabe de "Trindade". Como, na passagem, esse ruah, que ele acha que é o Espírito Santo da Trindade, diz que vai ser um espírito de mentira na boca dos profetas, a saída que o tradutor vê é não traduzir o que está escrito, alterando o sentido do texto bíblico, para não ferir a "fé": "o espírito" vira "um espírito". quer dizer, um espírito qualquer, não o Espírito Santo... Agora, o tradutor pode vender sua Bíblia e dormir feliz. Mas a Bíblia foi traída...".
(http://peroratio.blogspot.com.br/search/label/tradu%C3%A7%C3%A3o)

10. Concluo, dizendo o seguinte. Acho que é falta de vergonha na cara desses tradutores, enganar, ludibriar, corromper, descontextualizar o sentido das palavras dos textos hebraicos, apenas por fins lucrativos e de manipulação da fé. 

11. A saída, penso que é o estudo exegético histórico-crítico-social dessas fontes. Agora, para isso, a tradição tem de ser deixada de lado. E dói, hem! 

André Francisco

Um comentário:

  1. "Acho que é falta de vergonha na cara desses tradutores, enganar, ludibriar, corromper, descontextualizar o sentido das palavras dos textos hebraicos, apenas por fins lucrativos e de manipulação da fé." EEEEETA MULEKE kkkkk Ta susse mano, o pessoal gosta assim, tudo "mastigadinho" (pervertido), nada de estudo exegético histórico-crítico-social das fontes... da muita dor de cabeça kkkkk

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