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quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Bela Estória de um Galo e o Sol


Todos os dias bem cedo, o galo acordava, ainda escuro, e anunciava solene aos seus companheiros:

“ _ Vou  cantar para fazer o sol nascer...”

E se empoleirava no alto do telhado, olhava para o horizonte, e ordenava, categórico:

“_ Co-co-ri-co-có...”

Dali a pouco a bola vermelha mostrava o seu primeiro pedaço e o galo comentava, confidante:

“ _ Eu não disse?...”

E os bichos ficavam boquiabertos e respeitosos ante poder tão extraordinário conferido ao galo: cantar pra fazer o sol nascer. E nem havia alguma sombra de dúvida, porque tinha sido sempre assim, com o galo-pai, com o galo-avô...

Aconteceu, entretanto, que o galo certo dia perdeu a hora, e quando ele acordou o sol já estava lá, brilhando no meio do céu.

Assim se acham a grande maioria dos teólogos, cristãos, evangélicos ou católicos. Detentores da verdade absoluta, como se fizessem de Deus seu escravo, e sendo assim, ditassem o ritmo daquilo que está além de todos nós. O Sol nasce independentemente do que acreditamos ou não. Tentar descobrir e explicar Deus é loucura, teologia é feita para nós mesmos, é nossas explicações daquilo que achamos acreditar, é o canto da nossa alma, buscando Deus, de quem estamos com saudades. Contudo, confundimos o sentimento, e certos de que já achamos, impomos aquilo cremos, como galos inquisidores, e amordaçamos, ferimos e expurgamos outros galos que tentam pensar de outra forma. Enfim, esse Deus que projetamos se  parece muito com nós mesmos, diz que ama incondicionalmente, mas nos envia para o inferno, deu a sua vida por nós, mas espera em troca da salvação que renunciemos a nossa vida por causa dele, e no fim, buscamos motivos nobres e explicações bem arranjadas para justificarmos essas discrepâncias. Bobagem. É o nosso reflexo se manifestando, é o nosso desejo por transcendência que nos faz cometer as maiores loucuras, em nome de um Ser Superior.  Se Deus de fato existe, ele está além de nossas tramas verbais e o que fazemos é brincar com as palavras, mas levando isso tão á sério que acreditamos que nossas verdades indicam uma trama com consequências cósmicas e tremendas. Loucura. Tenho saudades de Deus, e isso me basta.


Teologia,
Celebração de um vazio que nada pode encher.
É só por isso que dizemos que Deus é infinito.
Não porque o tivéssemos medido,
Mas porque  sentimos o Infinito do desejo
Que coisa alguma pode satisfazer.
Daí que estamos condenados a ser eternos pranteadores
Mas teologia é coisa bela, um Sonho.

Aprendi lendo as sagradas Escrituras, onde está interditado o simples – pronunciar o nome do Sagrado, que sempre que aparecia no texto era substituído – por um outro Tabu!- e, se o simples pronunciar do nome sagrado era blasfêmia, que dizer das tentativas de se escrever anatomias e fisiologias dos Mistério Divino, isto a que se dá o nome de Teologia?


Minha teologia nada tem a ver com teologia
É vicio.
Há muito que deveria ter abandonado esse nome.
E dizer só, poesia, ficção.
Descansem os que têm certezas.
Não entro no seu mundo e nem desejo entrar.
Jardins de concreto me causam medo.
Prefiro a sombra dos bosques
E o fundo dos mares,
Lugares onde se sonha...
Ali mora os mistérios
E o meu corpo fica facinado.

Rubem Alves *

O sol nasce sempre, do mesmo jeito; com galo ou sem galo.

Por Rodrigo de Barros Mascarenhas

*TODAS as palavras em itálico de Rubem Alves, retirado do prefácio do livro “Por uma teologia da Libertação” (Fonte Editorial).


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