Bem-vindos!

DIÁLOGO ABERTO, O ORIGINAL, é um espaço interativo cuja finalidade é a discussão. A partir de abordagens relacionadas a muitos temas diversos, dos mais complexos aos mais práticos, entre teologia, filosofia, política, economia, direito, dia a dia, entretenimento, etc; propõe um novo modo de análise e argumentação sobre inúmeras convenções atuais, e isso, em uma esfera religiosa, humana, geral. Fazendo uso de linguagem acessível, visa à promoção e à saliência de debates e exposições provocadoras, a afim de gerar ou despertar, em o leitor, um espírito crítico e questionador.

Welcome! Bienvenidos! ברוך הבא

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O número de evangélicos cresceu, e daí?

Há pessoas que dizem que sou muito crítico com as coisas, e principalmente com o evangelicalismo brasileiro, ou cenário evangélico (religiosos, em certos casos, esferas gerais), incluindo tudo o que lhe é pertinente, estrutura, credo, liturgia, sistema, etc. Concordo, e não é pra menos. Enquanto puder criticar, com consciência e inteligência, se é que as tenho, farei. Haja vista que moro em um país que diz pregar liberdade de expressão. Meio complicado, mas tudo bem, considerando que se se afirma que: "IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"; Art 5o, (Constituição Federal), porém, coloca-se: "promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL" (parte do preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil), vê-se uma pequena tendência cristã-católica (considerando a data, 1988) para o estabelecimento da regra mor (estranheza na temática para o estado dito laico?) Pois bem,  liberdade essa que deveria valer para todos, e em todas as áreas da estrutura cultural e social, aquelas que nos formam União. Às vezes, tal liberdade não é, nem um pouco, motivada, ou praticada, ou defendida, salientando-se  o combate ideológico proposto pelos grupos que são intolerantes com outros, e que se mostram superiores aos outros. Acho que aí está o segredo. Quando querem que minha liberdade seja tolhida, lançada para baixo da poderosa força de fé, ou de ideias gerais, entre elas políticas, religiosas e culturais, não posso ficar calado. E uma das coisas que mais reforça essa convicção, de que posso ser crítico, é saber que, quase sempre, ou normalmente, quem tenta obstaculizar e velar a liberdade de raciocínio dos humanos é a religião, em seus ramos diversos, sempre intolerante, tida dona da verdade. Assim, vai sempre me ter como um desgarrado militante, um homo sapiens sapiens, que anda de encontro, e não ao encontro dela, pois sabe que perderia o rumo, e o sentido, se a tentasse encontrar, com suas suposições "preter-naturais". Tá, chega de dizer que sou crítico, pois todos os que me leem, anjos e demônios, já sabem disso. Gostaria de falar sobre crítica em outro momento. Agora, quero dizer de uma notícia que li, batata quente, saída do forno, de tão nova, que é sobre o censo 2010, do IBGE. Divulgou-se hoje o resultado da estatística religiosa, daquele censo feito, dois anos atrás. E algo não muito diferente do que já haviam imaginado foi mostrado, os evangélicos atingiram 22,2% da população, isso, em números per capita, dão 42,3 milhões de seres humanos. Quase toda uma Espanha, em uma só fé. Uma só fé? Aí já começam os problemas. Quando se trata de números, a maioria dos evangélicos enche a boca de saliva, e os pulmões de ar, para dizer: SOMOS 22,2% DA POPULAÇÃO, "GLÓRIA A DEUS (expressão usada principalmente por pentecostais, já haveria dificuldades se fossem requeridas por um tradicional)"! Mas, das quase 200.000 igrejas, templo-estrutura ou não, existem aproximadamente 20.000 denominações, quase sempre, de credos diferentes, em algum ponto específico, ou em sua totalidade. Quer dizer, não é um povo reunido com uma fé, uma doutrina, um dogma, mas sim, milhares de pessoas que possuem discrepância entre si, no ponto fundamental da consolidação da verdade de crença. E, se fossem me perguntar sobre qual discrepância penso ser a mais notória entre a comunidade da estatística, denominada evangélica, diria que é justamente essa, a da doutrina. O que muitos têm que saber é que não existe um povo evangélico, e sim, muitos povos evangélicos. Até étnicos, tribais, em certos casos. Não se está falando de uma religião, e sim, de várias religiões, que, quando muito, a única coisa que possuem de igualdade é a crença no mesmo livro. Mas até isso é questão de polêmica, considerando os que não creem, e se dizem evangélicos. Fora os problemas culturais, litúrgicos, entre uma e outra denominação, que se fossem falados aqui, perderíamos horas. Outra crítica a esse louvor à estatística é a questão dos benefícios sociais que esse crescimento trouxe para a União. Quais? Não sei se existiram. Por exemplo, o Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Ministério da Justiça, aponta que houve crescimento de 38,6% de homicídios no interior do Brasil. O relatório da Situação da Adolescência Brasileira do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, informou, há menos de um ano, que houve crescimento de 1,3% do número de adolescentes que vivem em extrema pobreza, em famílias que vivem com até 1/4 do salário mínimo. O índice de casos de Abuso Sexual, só na capital do país, cresceu 67,8% em dois anos, de 2010 a 2012, sendo que houve grande crescimento no Norte e Nordeste do país também. Se se fosse considerar uma estatística conjunta, que cresce em proporcionalidade, deveriam haver outras tendências para os índices referidos atrás. Algo que poderia ser lógico, ou seja, crescem os evangélicos, detentores de uma palavra de amor e solidariedade, logo, diminui-se as mazelas sociais. Contudo, o que se vê é outra realidade. Terminando esse texto, pra não ficar muito longo, digo: o número dos evangélicos cresceu, e daí? Deve estar havendo muita festa no "céu", por tantos "pecadores" que se converteram ao "único caminho", mas na terra, sei não heim!

André Francisco

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares