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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O dogma do dízimo, e o imbróglio alegórico


1. O dízimo judaico, pré (pós)-exílico, tornou-se cristão, pré (pós)-reforma. Apropriando-se de textos da Bíblia Hebraica, principalmente de Malaquias 3.10, grande parte das igrejas evangélicas, em seu multifacetado sistema eclesiástico, político-sacerdotal, representadas por seus clérigos, obriga seus fieis a darem o dízimo (décima parte; às vezes mais) de suas rendas, sob o argumento de possível maldição, vindoura de Deus, para seus filhos, seus campos, plantações, empregos, saúde, família, lar, etc; quando não feitas. 

2. Interpretativamente, a base é a que se segue, para tais afirmações, Ml 3.10-11: casa do tesouro= igreja-templo-estrutura; mantimento= luz elétrica, salário do clero, papel-higiênico nos banheiros, água e esgoto, e outros; janelas do céu= maiores possibilidades de prosperidade, benção, crescimento econômico; devorador= Satanás, seus agentes inferiores, poderes das trevas; fruto da terra= dispensa do fiel, emprego, família, salário, saúde, conforto. 

3. Equipararam os termos, a partir de uma leitura alegórica, e os colocaram para dentro das paredes dos templos. Forjaram o dogma, mais "sagrado" do que todos os outros (dizem que existem demônios, no caso do "devorador", que só saem quando a moeda bate no fundo do gazofilácio), e funcionou. Tem gente que tira da boca dos de suas casas para levar a décima parte  à "casa do tesouro". Pois, se assim não fizer, rouba a Deus, e morre de medo de ser alvo de sua ira incontrolável, que se manifestaria por meio da não movimentação obstrutiva contra os yeked (devorador= Satanás).

4. Um dos problemas disso tudo é acreditar que Malaquias estava com essas alegorias em mente, quando supostamente escreveu o texto. Ou que colocou esses textos à existência, esperando a criação futura da igreja evangélica- pois a primitiva não recolhia os dízimos, grande parte não era a favor de costumes judaicos, nem sacerdócio levítico, e muito menos templo-estrutura. Toda contribuição era voluntária. 

5. Um texto judaico, circunstancial, pós-exílico, retrativo, político-revolucionário, usado em comparação, para os fins supracitados, é, no mínimo, esdrúxulo. Por quê? Porque Israel voltara do exílio Babilônico, e queria se reorganizar como nação, novamente. Para isso, foram unidos os poderes governamentais principais, religioso, político e judiciário, e localizados em um único ambiente, no paupérrimo novo templo, que se tornou "templo-estado". Para, de lá, saírem todas as decisões importantes da administração recém-formada. 

6. Desse modo, todos os impostos que eram anteriormente cobrados do povo, e pagos em suas próprias cidades/regiões isoladas, uma das outras, foram centralizados no templo-estado, e cobrados de lá, para lá. Uma "receita federal" momentânea, misturada ao sacerdotalismo religioso patente, até que a situação se normalizasse. Com isso, a décima parte da produção do povo- agricultura e pecuária- era trazida, a fim de que o governo do templo pudesse fazer as distribuições. 

7. Um ardil inteligente, criado pelos governantes pós-exílicos, a fim de manterem o poder político unido ao religioso, e assim, continuarem manipulando as massas. Fizeram uso, como corriqueiramente faziam, da voz de Deus, e atribuíram, a essa estratégia política, ordenamento da divindade, caracterizando-lhe irrefutabilidade. Prometendo ao povo que suas produções seriam prósperas, se todas essas medidas fossem sustentadas, sem discordância e questionamento. 

8. Aí, esse texto foi pegado, e utilizado pelos protestantes-evangelicais, como mandamento, para a igreja da atualidade. Dar a décima parte da renda mensal a Deus, é dá-la no templo, é pô-la no gazofilácio, para mantimento de sua suposta "casa", de concreto, areia e cal. Ainda mais judaico fica, quando isso é enfatizado como obrigatório, e quando necessário o abençoamento do pastor/ sacerdote-hebreu?, para que esse pecúlio seja oferecido verdadeiramente à deity. Por exemplo, dá-la a um carente, orfanato, asilo, parente, amigo, filho, etc, não é a Deus, é pecado. Para ser a Deus, tem que soar no gazofilácio, e passar pela direção espiritual de quem unicamente possui condição de manuseá-la, distribuí-la corretamente, controlá-la, que seria, no caso, os pastores (sacerdotes levíticos?). 

9. Caso contrário,  a maldição do devorador (heb. trans; yeked= gafanhoto, inseto) virá sobre os não pagadores, ladrões, roubadores da igreja-Yaveh

10. Voluntariedade que nada! Aqui, o negócio é veterotestamentário. 

11. Esse imbróglio todo é "culpa" de Filo e de Orígenes, com seus métodos de alegoria. Tão "bons" que gafanhotos viraram demônios, casa do tesouro transformou-se em igrejas, montes viraram mulheres, pedaços da arca se tornaram lições dominicais, e tudo isso considerado exegese revelada, vinda de El. 
André Francisco

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